"É um trabalho muito minucioso e moroso. Para ficar perfeito só podemos utilizar colheres e espátulas para preencher de sal, tingido às cores, os mais de 21 desenhos que vão enfeitar a rua", afirmou hoje à Lusa, João Chavarria, um dos cerca de 12 elementos da organização do tapete da rua Monsenhor Daniel Machado.

Ex-trabalhador dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), João Chavarria explicou que os desenhos, com dois metros de comprimento e metro e meio de largura, "são feitos numa fina placa de madeira que, na noite da confeção dos tapetes, é colocada na rua e preenchida com sal".

João Chavarria, que há 40 anos participa naquela tradição, explicou que aquela "técnica" da confeção dos tapetes "foi criada da rua Monsenhor Daniel Machado como forma de atrair os visitantes".

"A nossa rua é estreita. Se utilizássemos os moldes em ferro, como fazem as restantes ruas que são decoradas, as pessoas não conseguiam entrar e ver o nosso trabalho", especificou, revelando que, este ano, o tema dos desenhos "pretende ser uma homenagem à ribeira de Viana e ao pintor Mário Emílio, que dedicou parte da sua obra àquela zona da cidade".

A confeção dos tapetes de sal em cinco ruas e uma alameda da ribeira de Viana realiza-se sempre na noite anterior ao dia da padroeira, 20 de agosto, feriado municipal, mobilizando centenas de pessoas, sobretudo moradores daquela zona da cidade.

No total, segundo números da VianaFestas, entidade que organiza a Romaria d' Agonia, vão ser utilizadas cerca de 30 toneladas de sal.

Como manda a tradição, é por estes tapetes que o andor da Senhora d' Agonia irá passar no regresso da também típica procissão ao mar e ao rio.

A procissão ao mar é um dos ‘números’ mais emblemáticos da Romaria, mas também dos mais recentes, já que se realiza, sempre a 20 de agosto, apenas desde 1968.

Já o culto em Viana do Castelo à padroeira dos pescadores tem a sua primeira referência escrita em 1744.

Nas margens, milhares de pessoas concentram-se para ver e saudar a procissão, envolvendo mais de uma centena de embarcações de pesca e de recreio.

No regresso a terra, os pescadores transportam os andores de novo à igreja, pelas ruas da ribeira onde na noite anterior foram confecionados os típicos tapetes de sal.

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