"Hoje vivemos infelizmente no nosso país uma democracia incompleta, não é que não estejamos a ser governados por um governo que não tenha o apoio do parlamento. É porque este Governo não respeita o parlamento e isso é alguma coisa que, para alguém que já foi primeiro-ministro como eu, mete alguma impressão", acusou Passos Coelho, num jantar-comício de apoio ao candidato autárquico do PSD em Paredes, Rui Moutinho.

No seu discurso, o líder do PSD não se referiu diretamente ao caso que está a marcar a atualidade, o relatório noticiado pelo Expresso sobre o furto de material de guerra em Tancos, mas que o primeiro-ministro diz não ter sido produzido por nenhum serviço de informação do Estado, mas insistiu em saber porque não divulga o Governo ao parlamento o parecer do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras sobre a lei da imigração.

"É uma invenção jornalística esse parecer ou existe mesmo e se existe porque não está no parlamento? Doutor António Costa existe ou não existe esse parecer, onde é que ele está?", questionou.

Passos Coelho dirigiu-se ainda diretamente ao primeiro-ministro para "corrigir" uma afirmação feita por António Costa de que teria havido destruição de riqueza entre 2011 e 2015.

"O primeiro-ministro deve achar que por repetir muitas vezes estas falsidades elas passam a ser verdade. Doutor António Costa, que triste é eu estar a corrigir alguém que é primeiro-ministro, em 2014 e 2015 não houve destruição de riqueza, houve criação de riqueza", defendeu.

Na sua intervenção em Paredes - no maior jantar da campanha social-democrata até agora, cerca de 2.500 pessoas, segundo a organização - o líder do PSD reiterou uma das mensagens em que tem vindo a insistir nesta campanha autárquica, de que é necessário lançar hoje as bases para o futuro.

"Hoje no país conseguimos colher melhor do que em 2011 ou 2012. Quem tinha semeado os ventos, deixou as tempestades para os portugueses, herdámos quando estivemos no governo o resultado de muitas cigarras que andaram a cantar sem se preocuparem com o futuro", criticou, ironizando que "hoje muita gente vai colhendo flores para pôr na jarra, mas não as semeou, não as regou".

[Notícia atualizada às 22:34]