Em declarações aos jornalistas na sede nacional do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), em Lisboa, após uma reunião com aquele partido, Paulo Raimundo afirmou que o programa “do PSD e do CDS já é bastante mau e não precisa de mais alimentos para ser mau”.

“Mas, quando e sempre que for necessário, de forma formal ou informal, lá estará a direita - e espero que só a direita - a dar o aval a tudo o que for necessário. Tudo quando se colocar a salvaguarda dos interesses dos grupos económicos: lá estará o Chega e a IL”, sustentou, considerando que também haverá convergências quando “for necessário continuar a atacar os serviços públicos”.

O líder comunista defendeu que essa convergência “faz parte do projeto dos próprios”, que é “determinado pelo interesse dos grupos económico”.

Questionado se considera inevitável que haja entendimentos entre o PSD e o Chega na próxima legislatura, Paulo Raimundo respondeu: “Nós não alimentamos é a ideia de que eles não vão haver, porque vão haver”.

“Quer um exemplo mais claro do que o que aconteceu há dois ou três dias nos Açores? Não há exemplo mais claro. Quando for necessário, lá terão os entendimentos”, reforçou.

O secretário-geral do PCP salientou que, nos últimos dois anos, PSD, Chega e IL “não faltaram” com o voto a favor “dos benefícios fiscais, mais apoios aos grupos económicos e por aí fora”, apesar desse voto não ser necessário porque o PS tinha maioria absoluta.

“Estiveram todos juntos ao lado do PS a votar contra as alterações às leis laborais, a favor dos benefícios fiscais. Estiveram todos juntos quando não era necessário. Agora que vai ser necessário, acha que alguém vai fugir a isso? Não, não vão fugir”, previu.

Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se considera que há possibilidade de um bloco de esquerda vir a governar, caso ganhe as eleições após a contagem dos votos dos círculos eleitorais da emigração.

Na resposta, o líder do PCP disse não perceber “como é que se foi alimentando essa ideia”, considerando que “é só para entreter”, uma vez que “há uma tendência clara do ponto de vista da votação”.

Paulo Raimundo sublinhou que as eleições de 10 de março mostraram “uma grande exigência de mudança para resolver os problemas das pessoas”, mas considerou que essa “mudança foi expressa a partir de um voto de engano, da demagogia, que arrastou muita gente para essa justa exigência de mudança”.

“Essa mudança que exige (…) não vai ter nenhuma concretização pelas mãos de um Governo de direita, tenha ela os acordos formais ou informais por cima ou por baixo do pano com esta ou com aquela força”, sublinhou.

Para o PCP isso é “tão claro”, prosseguiu Paulo Raimundo, que é precisamente por essa razão que o partido não pretende “desperdiçar nenhuma oportunidade quer no plano institucional, quer fora do plano institucional”, para impedir a implementação do projeto de direita.

Numa alusão às críticas de que o PCP se precipitou ao anunciar uma moção de rejeição a um eventual programa de Governo da AD, Paulo Raimundo pediu que “não se venham falar em precipitações”.

“Aquilo que se poderá entender como uma precipitação da nossa iniciativa é exatamente a mesma precipitação daqueles que, não conhecendo o programa e o elenco governativo, já decidiram que vão permitir que esse Governo entre em função. A precipitação é a mesma, só que o nosso sinal é um sinal claro de que, connosco, não”, afirmou.

Nestas declarações aos jornalistas, o líder do PCP foi ainda questionado se já está agendada uma reunião com o BE para eventuais convergências na oposição à direita, tendo Paulo Raimundo indicado que os comunistas sugeriram uma data e hora e estão à espera de confirmação.