As duas imagens foram utilizadas pelo deputado António Filipe no encerramento da interpelação do PCP ao Governo, na Assembleia da República, sobre direitos e salários dos trabalhadores em tempos de crise pandémica, que ocupou a manhã de trabalhos dos deputados.

Depois de dizer que a "pandemia não pode ser a troika dos anos 20", Filipe afirmou que, "pelo contrário", apenas "há um caminho viável para a recuperação", através do reforço dos serviços públicos que "se revelaram essenciais" e "avançar decididamente na promoção dos direitos dos trabalhadores e do povo".

Depois de, ao longo da manhã, vários deputados comunistas terem dado exemplos daquilo que consideraram "atropelos laborais", como despedimentos ou 'lay off' em empresas, grandes e pequenas, que tiveram lucros, ou dos trabalhadores com vínculo precários serem dispensados "sem mas nem meio mas", António Filipe pôs-lhe um rótulo.

Nesta conjuntura, "o aparecimento da pandemia de covid-19 foi a tempestade perfeita para quem vive do seu trabalho", afirmou, antes de dizer que o surto "tem costas largas" para as empresas se aproveitarem para decisões que fragilizam os trabalhadores.

"Dizem-nos que estamos no mesmo barco, mas escondem com esse suposto igualitarismo que nesse barco há uma minoria que viaja em primeira classe e um número cada vez maior de passageiros mandados para o porão", ironizou.

Para o deputado e vice-presidente da Assembleia da República, na atual situação de pandemia, "o país deve tudo aos seus trabalhadores", a começar no setor da saúde ou ainda os que fizeram "das tripas coração para que o ano escolar não fosse perdido".

Por oposição, Portugal "nada deve" ao "fundo abutre a quem foi oferecido o Novo Banco", às empresas que "fogem com lucros milionários" para o estrangeiro, concluiu.

O debate aqueceu com a intervenção de Carla Barros, do PSD, que acusou o Governo “moribundo do PS” de “falhar no essencial” no combate à pandemia quanto à proteção social, com os atrasos do Estado no pagamento às empresas e na devolução “aos trabalhadores e às suas famílias” do dinheiro do IRS que “lhes é devido”.

Na resposta a deputada Mara Coelho questionou o PSD se “estariam do lado certo da História” no apoio a algumas das medidas de resposta à pandemia.

Carla Barros respondeu que os socialistas estavam a esquecer-se da História, dado que o PSD, nas suas palavras, “salvou o país da bancarrota” em que “um governo do PS o deixou.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 450 mil mortos e infetou mais de 8,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.524 pessoas das 38.089 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Em termos económicos, o Governo prevê que a economia portuguesa recue 6,9% em 2020 e que cresça 4,3% em 2021.

A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano, e recuar para 8,7% em 2021.

Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e a dívida pública aos 134,4%.

[Notícia atualizada às 14h22]