Se na quarta-feira estivemos a olhar para aquilo que, em bruto, as respostas dos participantes no Plenário do SAPO24 nos diziam, hoje vamos ver como estas prioridades se encaixam em comparação com as pessoas e partidos mais populares em cada distrito.

A análise, feita com o Google Trends, faz um retrato dos candidatos e partidos mais pesquisados no Google em cada um dos 18 distritos de Portugal continental (não há resultados disponíveis para as regiões autónomas).

Legislativas: um amor cíclico

Comecemos pelo princípio — por “legislativas”. As pesquisas por este termo têm uma popularidade que vai variando em paralelo com os momentos eleitorais para a escolha dos deputados que se sentam na Assembleia da República.

Assim, de 2004 até agora, o momento em que o termo foi mais popular foi em outubro de 2015, quando Pedro Passos Coelho, encabeçando a coligação PSD/CDS-PP “Portugal à Frente”, ou PàF, liderou um governo durante apenas onze dias.

O executivo caiu no parlamento, abrindo caminho à atual solução (PS, apoiado por BE, PCP e PEV).

Antes disso, o segundo momento mais popular foi setembro de 2009, na reeleição de José Sócrates — que ganhou com maioria absoluta no terceiro momento mais popular: fevereiro de 2005.

Por agora, a popularidade do termo “legislativas” ainda vai longe da alcançada no passado.

Pop-star: quem eram os líderes mais populares a 2 de outubro?

A quatro dias das eleições (data dos últimos resultados consolidados), a estrela era Assunção Cristas. Segundo a avaliação da Google, a líder do CDS-PP estava à frente na comparação com os líderes dos partidos ou coligações com representação parlamentar. Logo abaixo, o secretário-geral do PS, António Costa, seguido pelo presidente do PSD, Rui Rio.

Seguem-se Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.

Uma ressalva: Não temos aqui André Silva porque a plataforma usada não está a indexar os dados para o nome do líder do PAN da mesma forma que o faz para os outros. Ou seja, ao medir as pesquisas pelo nome "André Silva" estamos não apenas a incluir os resultados sobre o deputado e candidato com 43 anos e nascido em Lisboa, mas também os sobre o jogador português de 23 anos, nascido em Baguim do Monte e a jogar no Eintracht Frankfurt. Por este motivo, optámos por não o incluir nesta comparação.

E no último mês?

Se olharmos para a média do último mês, contudo, há grandes mudanças: o mais popular é António Costa, seguido por Rui Rio. Atrás vem Catarina Martins e só em quarto lugar surge Assunção Cristas. Jerónimo de Sousa vem no final da tabela dos mais populares nos últimos trinta dias.

Se olharmos para a popularidade de cada candidato ao nível distrital, António Costa é o vencedor: é o mais popular em 12 dos 18 distritos continentais. Dos seis que restam, Rui Rio fica com quatro (Viana do Castelo, Bragança, Porto e Setúbal) e Catarina Martins com dois (Guarda e Santarém).

Estes índices de popularidade dizem respeito a uma comparação entre os cinco candidatos em análise. Ou seja, tendo em conta a popularidade de cada um deles nos 18 distritos, os candidatos que se destacam são estes, em relação aos outros candidatos.

É importante ter isto em conta para perceber a resposta à próxima pergunta.

Qual o distrito mais forte de cada um?

Se atrás estivemos a ver qual dos cinco candidatos é o mais popular em cada um dos dezoito distritos continentais, agora olhamos individualmente.

Pegando na popularidade de cada um destes candidatos, vemos no mapa onde esse índice é mais elevado. Ou seja, os candidatos têm valor de popularidade em cada um dos 18 distritos (exceto nalguns casos). Esse valor tem variações. Aqui estamos a olhar para o desempenho do candidato nos distritos todos, em relação apenas aos seus valores, comparando os distritos e não os candidatos.

Comecemos por António Costa. A popularidade do secretário-geral do Partido Socialista é maior em Portalegre. Seguem-se Castelo Branco, Vila Real e Évora.

Rui Rio tem os níveis de popularidade mais altos em Vila Real, depois na Guarda, no Porto e em Portalegre (Beja não tem dados sobre este candidato).

Catarina Martins é muito forte em Castelo Branco. A líder do Bloco reúne mais popularidade também em Vila Real, Viseu, e Évora.

Assunção Cristas conquista grande popularidade na Guarda, seguida por Portalegre. Évora e Vila Real são os outros distritos onde a líder centrista tem mais popularidade (Castelo Branco não tem valores de popularidade para esta candidata).

Jerónimo de Sousa tem o seu pico de popularidade na Guarda. Seguem-se Vila Real, Leiria e Viana do Castelo. (Beja, Bragança Castelo Branco e Portalegre não têm dados sobre este candidato).

E os partidos?

No último dia 2, o partido mais popular era o Bloco de Esquerda, depois de uma queda do PSD, que teve o seu melhor momento dos últimos 30 dias no dia 29 de setembro. Agora, está em segundo — ainda assim, bastante acima do PS, que também está em queda.

Lá para baixo na tabela, vêm o CDS, que vem subindo devagarinho na sua popularidade; depois a CDU, que estabilizou no fundo da tabela.

Porém, se trocarmos a CDU (PCP+PEV) pelo principal partido desta coligação as coisas mudam: os comunistas disparam para o terceiro lugar na lista dos mais populares, acima do PS e do CDS-PP.

Na média mensal, os mais populares são os Sociais Democratas. Em segundo o Bloco de Esquerda, depois os socialistas, comunistas e, por fim, centristas.

Quanto aos distritos: o PSD é o mais popular em 9 dos 18 distritos. O PS conquista mais popularidade em Viana do Castelo, Bragança, Aveiro, Coimbra e Faro. O Bloco domina em Viseu e Lisboa; e o PCP em Setúbal e Beja.

E no Plenário, que temas eram importantes em cada distrito?

Em Lisboa, tal como a nível nacional, a prioridade vai para a reforma do sistema político, que está no topo das preocupações para 28,3% (13) dos participantes Lisboa. Em segundo, vem a necessidade de reforma laboral — 15,2% (7); depois a reforma do sistema de ensino — 8,7% (4); e, com 6,5% (3) cada, a reforma fiscal e o combate à corrupção.

Apenas uma pessoa de Lisboa identificou o combate ao despovoamento como uma prioridade. Este participante, de Vila Franca de Xira, defende que é preciso “minimizar as assimetrias do território”.

De igual modo, também apenas uma pessoa identificou a mobilidade como um setor onde é necessário tomar medidas na cidade, defendendo a aposta “nos transportes públicos, incluindo fora dos grandes centros urbanos, reduzir o número de carros nas cidades, penalizar quem tenha mais de dois carros estacionados na via pública e incentivar as deslocações a pé.”

No caso do distrito do Porto, a prioridade é também a reforma do sistema político, que está nas prioridades de 30,8% (4) dos participantes. Seguem-se o combate à corrupção e a reforma laboral, que fora as prioridades de 15,4% (2) pessoas cada. Adoções, energias renováveis, redução do número de deputados e a reforma da floresta e do sistema judicial são mencionadas cada uma por uma pessoa.

Uma vez que a amostra é reduzida para todos os outros distritos, destacamos apenas alguns factos que podem ser interessantes:

  • O combate ao despovoamento é prioridade para uma pessoa nos distritos de Bragança, Coimbra, Évora, Lisboa e Santarém;
  • Só em Setúbal duas pessoas elegem o combate ao despovoamento como prioridade;
  • A habitação é prioridade para apenas duas pessoas — uma em Leiria e outra em Santarém;
  • A mobilidade é prioridade para apenas três pessoas: em Faro, Lisboa e Setúbal;
  • A reforma da floresta é prioridade em Setúbal (2), Porto (1) e Vila Real (1);
  • A água é escolhida como prioridade nos Açores e nos distritos de Aveiro, Bragança, Lisboa e Portalegre.

Por falar em Interior e em Ambiente… Estes foram precisamente os temas do debate desta quinta-feira, em direto, no SAPO24 e que pode rever. Uma conversa com Marcos Sá, Diogo Silva e Paulo Fernandes, moderada pela jornalista Rute Sousa Vasco.

[Saiba aqui como chegámos a estes resultados do Plenário]

Para onde estamos a olhar?

Estes valores de popularidade são medidos pela máquina por trás do motor de busca da Google. Os números representam o interesse pela pesquisa dos termos em relação ao ponto mais alto no tempo. Ou seja, explica a empresa, o valor de 100 mostra o pico da popularidade daquele termo, sendo que aos 50 o termo tinha metade da popularidade. Em caso de zero, significa que não havia dados suficientes para o termo em análise.

Os dados estão disponíveis na plataforma Google Trends, de acesso livre. Os valores reportam-se a 2 de outubro, data dos últimos números consolidados pela Google para um dia completo.