Poroshenko, acossado por esta embaraçosa situação e num momento em que continua em dificuldades nas sondagens para as eleições presidenciais, anunciou ter assinado o decreto que afasta Oleg Gladkovski das suas funções de secretário-adjunto do conselho nacional de segurança e de defesa, para assegurar “um inquérito honesto, imparcial e objetivo”.

Apelou ainda ao Gabinete anticorrupção nacional (NABU) e ao procurador especializado nestes casos para “pôr os pontos nos is”.

“Nem o seu cargo, nem as suas relações, nem o facto de conhecer o Presidente há muito tempo o vão salvar”, assegurou Poroshenko, que se exprimia numa deslocação ao sul divulgada em direto na sua página Facebook.

Acusado há muito pelos críticos de encobrir a corrupção do seu círculo mais próximo, Poroshenko, um rico empresário que ocupou a presidência após o movimento pró-ocidental do Maidan, tenta um segundo mandato na primeira volta das presidenciais que decorre em 31 de março, mas a sua vitória está longe de assegurada.

Segundo os jornalistas de investigação do projeto “Nachi Grochi” (“O nosso dinheiro” em ucraniano), o seu parceiro de negócios Oleg Gladkovski e o filho deste último estão envolvidos numa vasta operação de desvio de fundos públicos entre 2015 e 2017.

Estes homens, prosseguem as mesmas fontes, utilizaram empresas de fachada, incluindo uma fábrica em Kiev que pertencia a Poroshenko no momento dos factos, para vender às Forças Armadas ucranianas, por preços muito inflacionados, diverso material importado ilegalmente da Rússia.

Estas revelações, que deverão conhecer novos detalhes numa nova série aguardada para esta noite, suscitaram fortes críticas na Ucrânia, envolvida desde 2014 num conflito com os separatistas pró-russos no seu território.

E tornam-se ainda mais embaraçosas pelo facto de Kiev e os ocidentais acusarem a Rússia de apoio militar aos rebeldes.

A ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, rival de Poroshenko, apelou ao início de um processo de destituição do chefe de Estado por “alta traição”, acusando-o de “colaboração com o inimigo” e de “ajuda ao país ocupante”.

Gladkovski rejeitou as acusações.