“Esta proposta de fazer 20 debates é uma proposta coerente com o estilo do meu adversário, mas desfasada do que eu entendo que devem ser estes três meses que temos pela frente”, refere Rui Rio, numa nota escrita enviada à Lusa na qual defende que a campanha não deve “ser transformada num espetáculo ambulante pelo país fora”.

Na mesma nota, Rui Rio acusa Santana Lopes de, na apresentação da sua candidatura, no domingo em Santarém, ter referido “indiretamente algumas mentiras e meias verdades” a seu respeito.

“Não são precisos 20 debates para que a verdade possa ser facilmente reposta”, disse, sem esclarecer na nota, contudo, em que moldes aceitaria debater com Pedro Santana Lopes.

O antigo primeiro-ministro sugeriu no domingo às diferentes distritais e organizações regionais do partido que promovam debates com ele e o seu rival na corrida às diretas de janeiro, Rui Rio.

"Não faço desafios a ninguém, mas gostaria que as distritais do partido e as organizações regionais, organizassem cada uma um debate", sustentou Pedro Santana Lopes.

Na nota, Rui Rio salienta que “ao contrário do que foi dito”, nunca esteve presente nas sessões da Aula magna, em Lisboa, contra o Governo do PSD - nas quais participou Pacheco Pereira, ao lado do antigo Presidente da República Mário Soares.

“Tal como também nunca fui tão colaborativo com essa mesma esquerda, ao ponto de conseguir ser nomeado pelo atual Governo PS-BE-PCP para um alto cargo público”, afirmou Rio, numa referência à recondução de Pedro Santana Lopes pelo atual executivo socialista como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), funções que ocupava desde 2011 e que deixou na sexta-feira.

Para Rui Rio, estas questões não necessitam de 20 debates para serem esclarecidas: “São pontos muito fáceis de esclarecer, porque é impossível verem-me onde eu não estive, e não se ver outros onde eles estiveram, principalmente quando somos convidados a fazer exercícios de coerência discursiva”, refere.

“Esta campanha interna para a liderança do PSD tem de ser um momento de esclarecimento das propostas dos candidatos e de debate com os militantes. Não deve ser transformada num espetáculo ambulante pelo país fora”, defendeu o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto.

Rio considerou que a campanha interna para as eleições diretas no PSD marcadas para 13 de janeiro “tem de ser viva e tem de ter alegria para ajudar a motivar as pessoas para a participação, mas tem de ser, acima de tudo, um período de diálogo sereno com os militantes e, até, com os portugueses que nele também queiram participar”.

Na sua intervenção, no domingo em Santarém, Pedro Santana Lopes visou de forma implícita o comportamento do seu rival Rui Rio, que, com Pedro Passos Coelho no Governo, aceitou um convite da "Animo", do antigo assessor parlamentar do PS António Colaço, para participar num almoço na Associação 25 de Abril com a presença do "capitão de Abril" Vasco Lourenço.

Visados por simpatias à esquerda foram ainda Pacheco Pereira, que esteve na Aula Magna de Lisboa nas sessões promovidas pelo falecido antigo Presidente da República Mário Soares contra o Governo, mas, igualmente, o antigo ministro social-democrata António Capucho, que esteve em ações da Fundação Mário Soares e apoiou o PS nas últimas eleições europeias.

(Notícia atualizada às 13h00)