Em simultâneo, decorrem eleições parciais dos deputados da Duma (câmara baixa do parlamento) em quatro entidades constituintes da Federação Russa.

A votação, iniciada na sexta-feira em algumas regiões, engloba a península ucraniana da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Moscovo alargou a votação às regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas em setembro, apesar da guerra em curso e de as suas forças não as controlarem na totalidade.

Kiev denunciou as eleições nas regiões ocupadas como ilegais por violarem a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, e avisou que “não terão quaisquer consequências jurídicas”.

Para o Conselho da Europa, o mais importante organismo de defesa dos direitos humanos do continente, trata-se de “uma violação flagrante do direito internacional, que a Rússia continua a ignorar”.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) também condenou as eleições nos territórios ocupados e afirmou que “não terão qualquer validade ao abrigo do direito internacional”.

Os Estados Unidos descreveram as eleições como um “exercício de propaganda” e reiteraram que nunca reconhecerão as pretensões de Moscovo “a qualquer território soberano da Ucrânia”.

Em resposta, a Rússia acusou os Estados Unidos de interferência nos assuntos internos da Federação Russa.

As Nações Unidas manifestaram preocupação face à realização deste ato eleitoral, sublinhando que o sufrágio “não tem fundamento jurídico”.

As eleições realizam-se em plena guerra da Rússia contra a Ucrânia, que Moscovo invadiu em 24 de fevereiro de 2022.

Ao proclamar a anexação das regiões ucranianas, no final de setembro, o Presidente Vladimir Putin afirmou que os habitantes locais “serão cidadãos russos para sempre”.

Entre cerca de 85 mil candidatos, serão eleitos 26 governadores, cinco dos quais de forma indireta, 20 parlamentos regionais e diversos órgãos municipais e locais.

Em Moscovo, concorrem cinco candidatos à câmara municipal, incluindo o atual titular do cargo, Serguei Sobyanin, do partido conservador Rússia Unida, que apoia o regime e detém 336 dos 450 lugares no parlamento federal.

O partido de Putin também controla 58 governadores em 85 e quase 70 por cento dos 3.980 deputados aos parlamentos regionais nas eleições anteriores.

Além do atual presidente, concorrem à câmara de Moscovo Boris Chernyshov (Partido Liberal Democrático da Rússia), Vladislav Davankov (Partido do Novo Povo), Leonid Zyuganov (Partido Comunista) e Dmitry Gusev (Partido da Rússia Justa).