"Fico muito satisfeito com o facto de o CDS-PP voltar à Assembleia da República. É um grande serviço que o PSD presta a Portugal. Temos de dar graças a Deus por ser possível reeditar esta coligação que já tanto fez por Portugal", afirmou pouco depois de começar o seu discurso.

Para Santana Lopes, "temos de nos congratular por Portugal, por ser possível reeditar esta Aliança, que tanto já fez por Portugal".

"A política é cada vez mais agitada. Com tanta informação que nos chega, nós, que estamos em casa e temos as nossas preferências, vamos sentindo medo e pensamos: será que eles tomam as boas decisões ou não?", disse.

O antigo presidente social-democrata elogiou hoje o “líder carismático e determinado” do PSD, Luís Montenegro, e pediu união sobre a estratégia eleitoral e o fim de divergências, considerando que o PS deve pedir desculpa aos portugueses.

Admitindo que “a discordância faz parte da vida”, o antigo primeiro-ministro defendeu que a questão fundamental é que “quando chega a altura do combate com os adversários” políticos, como é o caso das eleições, é preciso “pôr as divergências de lado” e ficar no exército “ao lado do líder” e seguindo a estratégia que este traçou.

Um dos aspetos mais elogiados por Santana Lopes foi o facto de Luís Montenegro ter agido “como um líder carismático e determinado” quando assumiu uma posição clara e disse que só governa “se ganhar as eleições” legislativas de 10 de março.

Foi neste momento que fez uma comparação entre o atual presidente do PSD e Sá Carneiro, ao enfatizar que “Luís Montenegro não hesitou” tal como Sá carneiro fazia.

A questão para Santana Lopes é como é que se pode fazer para que o PS não fique mais quatro anos no poder, considerando que os governantes socialistas “falharam tanto nos resultados que é óbvio que têm que ser substituídos”.

“Como é que um Partido Socialista não pede desculpa, em primeiro lugar aos portugueses”, questionou, criticando a situação em que os governos do PS deixaram a saúde, a educação, a habitação ou a Segurança Social.

Sublinhando que, apesar da ideia que se tenta passar, quem chamou a 'troika' para a intervenção em Portugal "foi José Sócrates e Teixeira dos Santos", o antigo primeiro-ministro aproveitou os elogios ao trabalho então feito na governação por Passos Coelho e por Paulo Portas "nesses tempos difíceis", para voltar a enaltecer Luís Montenegro.

Admitindo que "ser governo é muito difícil" numa altura daquelas, para Santana Lopes ser então líder parlamentar do PSD, como foi Montenegro "a dar a cara", "é muito, muito, muito difícil".

"Luís Montenegro fez um trabalho extraordinário onde provou a competência no conhecimento dos dossiês, o seu método, o seu rigor, sem uma falha", elogiou, considerando que o então líder parlamentar esteve "cheio de coragem" e "nunca olhou para trás" enquanto esteve ao lado Pedro Passos Coelho "a dar a cara" enquanto PSD/CDS-PP "salvava Portugal".

O antigo presidente do PSD - partido do qual está desfiliado desde que saiu para fundar o Aliança - não deixou de abordar um tema que marcou este encontro no Estoril, que foi a ausência de Passos Coelho nesta convenção da AD e disse: "A mim o Luís Montenegro convidou-me. Não é piada, eu explico porquê".

Santana Lopes antecipou que o presidente do PSD terá que fazer convites similares a outros ex-líderes do partido para se juntarem à campanha para as eleições legislativas de 10 de março, considerando que Montenegro irá gerir esses convites porque de facto "já houve muitos" presidentes do partido.

O atual presidente independente da Câmara da Figueira da Foz quis ainda desconstruir a ideia de que "Luís Montenegro não tem experiência de Governo".

"Quando Pedro Passos Coelho foi escolhido e eleito eu não acreditava nele e ele também não gostava muito de mim", disse, provocando muitos risos na sala e admitindo que teve "que engolir o que disse" e que tem "uma admiração" pelo antigo presidente do PSD.

Em 2018, depois de ter perdido a corrida interna à liderança do PSD para Rui Rio, Pedro Santana Lopes desfiliou-se do PSD para fundar então o partido Aliança, do qual saiu em 2021.

A chegada de Santana Lopes foi uma surpresa para os presentes, tendo o antigo primeiro-ministro entrado na sala com o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e abraçado os presidentes do PSD e CDS-PP, Luís Montenegro e Nuno Melo, ao lado de quem se sentou, numa altura em que o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas tinha sido anunciado como o interveniente seguinte.

À entrada, o antigo líder do PSD explicou que estava na convenção para “transmitir o apoio” a esta coligação.