“Se o país fosse um automóvel conduzido por um PS com mãos livres, não arranca do ponto morto, e com Rui Rio atrelado só funciona em marcha atrás. Marcha atrás nos direitos dos trabalhadores, na defesa do SNS e da escola pública, na valorização dos salários e das reformas. ou na garantia do direito à habitação”, afirmou o secretário-geral do PCP.

Jerónimo de Sousa falava nos Bombeiros Voluntários de Sacavém, em Loures, distrito de Lisboa, onde participou num comício da Coligação Democrática Unitária (CDU), integrada pelo PCP e pelo PEV nas próximas eleições legislativas, a 30 de janeiro.

O líder comunista criticou a “superficialidade” do debate atual para as eleições legislativas, que disse basear-se em discussões sobre “acordos ou a falta deles, de polémicas com listas e lugares” e afirmando que essas “guerras de alecrim e manjerona pouco importam” à CDU, que está focada nos "problemas concretos" do país.

“No PCP e na CDU apontamos os problemas, criticamos as decisões erradas, os bloqueios, a captura do interesse nacional pelas imposições da União Europeia ou dos grandes grupos económicos que continuam a submeter e dominar a nossa sociedade e as orientações dos governos”, frisou.

Nesse sentido, Jerónimo de Sousa elencou medidas que reclamou serem conquistas da CDU durante a atual e a passada legislatura, designadamente a introdução do passe único, os manuais escolares gratuitos para o primeiro ciclo ou a gratuitidade das creches para todas as crianças e que disse ser “uma medida que nem sequer constava no programa do PS ou do Governo”.

“É por isso que dizemos, e com toda a autoridade, que não houve avanço, conquista ou recuperação de direitos, que não tivesse a marca do PCP e da CDU, que não fosse a consequência da nossa proposta, da nossa luta, na Assembleia da República e fora dela”, referiu.

Apesar dos “avanços”, o líder comunista apontou, no entanto, que ainda “há muitas matérias em que as melhorias foram poucas ou nenhumas”, designadamente no que se refere ao direito à habitação e ao aumento do salário mínimo.

Jerónimo de Sousa referiu assim que, ao longo das últimas semanas, se tem ouvido “falar muito de estabilidade”, em alusão ao PS, e afirmou que “quem estivesse mais distraído até poderia pensar que estavam preocupados com a estabilidade dos contratos de trabalho e o combate à precariedade, ou com a garantia da habitação, ou com o acesso em tempo aos cuidados de saúde”.

“Mas não é com essa estabilidade da vida das pessoas que estão preocupados. O que querem é garantir a estabilidade das políticas que beneficiam os interesses do poder económico. (…) Anseiam por uma maioria absoluta, que o PS já pediu, ou então, à falta dela, por um tal dito bloco central, o bloco dos negócios e dos interesses, que o PSD já garantiu”, frisou.

O líder comunista defendeu, no entanto, que os “portugueses ainda se lembram do que foi a política do PSD de Passos Coelho, que é a mesma de Rui Rio”, e também “se lembram do que foi a maioria absoluta do PS, das suas medidas gravosas para a vida dos trabalhadores e do povo”.

“Por isso, é preciso pôr-lhes travão e só há uma maneira: é dar mais força à CDU e virar à esquerda na política nacional, para resolver os problemas do País e melhorar a vida dos portugueses”, concluiu.