Segundo a imprensa venezuelana as detenções foram realizadas pela Polícia Naciona Anticorrupção (PNCC) da Venezuela e foram apresentados perante um tribunal especializado em antiterrorismo e corrupção, estando relacionados com as empresas estatais Corporação Venezuelana de Guayana (CVG) e Cartones de Venezuela.

Entre os detidos estão Hugo César Cabezas, que ocupou vários altos cargos executivos, entre eles o de diretor do Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiros da Venezuela (Saime), em 2003.

Desde 2013 dirigia o Complexo Industrial Alfredo Maneiro, um organismo que distribuia o papel para a imprensa local e que muitas vezes foi questionado por alegadamente privilegiar os media afetos ao regime, situação que motivou denuncias no parlamento venezuelano.

Em 26 de março o Ministério Público (MP) da Venezuela informou que tinham sido detidos dez altos funcionários públicos e 11 empresários envolvidos em atos de corrupção na empresa estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA).

O MP adiantou que foram ainda detidos dois juízes e um advogado alegadamente envolvidos em corrupção no sistema judicial venezuelano, e emitidos mandados de detenção contra 11 pessoas relacionadas com delitos em operações com cripto-ativos.

O anúncio foi feito pelo Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas.

“Não estamos a falar de qualquer esquema de corrupção, estamos a falar de um dos mais espalhafatosos dos últimos anos, que infelizmente vincula funcionários do Estado venezuelano e empresários (…) que beneficiam com a corrupção, e até jovens”, disse o procurador.

As detenções, disse, são o resultado da primeira fase de uma investigação que envolve também um número bastante importante de altos e médios funcionários dos poderes executivo, legislativo e judicial.

Tarek William Saab afirmou que se trata do 31.º esquema de corrupção investigado pelo MP, desde 2017, e relacionado com a indústria petrolífera venezuelana, que envolveu 194 pessoas das quais 75 foram julgadas e condenadas.

Os detidos relacionados com corrupção na petrolífera venezuelana são acusados de delitos como apropriação ou desvio de bens públicos, uso de relações ou influência,de branqueamento de capitais e associação criminosa.

O procurador precisou que foram detidos os funcionários públicos António José Pérez Suárez (vice-presidente de Comércio e abastecimento da PDVSA), Joselit de La Trinidad Ramírez Camacho, (superintendente Nacional de Cripto-ativos e operador cripto-financeiro) e Hugbel Rafael Roa Carucci, (deputado).

“Foi detetada uma rede de funcionários que, aproveitando-se das suas posições e níveis de autoridade, procederam a realizar operações petrolíferas paralelas às da PDVSA (…) acreditando que não seriam descobertos, através da Superintendência de Cripto-ativos (Sunacrip) e do carregamento de petróleo em barcos, sem controlo administrativo ou garantias, em violação dos regulamentos de contratação necessários para o efeito”, explicou.

A rede, disse, recrutava jovens de ambos sexos para os incluir na rede de branqueamento de capitais, a quem recompensava com uma vida de luxos, ilegal e criminosa.

E adiantou que, contra a oposição, estão em curso cinco outras investigações por irregularidades na empresa Monómeros, filial da PDVSA na Colômbia.

A oposição é ainda acusada de nomear embaixadores, e adidos de negócios fictícios, diretores para o Banco Central da Venezuela e roubo de ativos do país.

O MP investiga ainda o desvio, pela oposição, de fundos de ajuda humanitária e atos de conspiração armada.