O que motivou a aposta neste programa?

Lançámos este programa com o objetivo de demonstrar o potencial da Test Bed Aveiro Media Competence Center no suporte ao desenvolvimento de produtos tecnológicos para a indústria dos media e, simultaneamente, alcançar e captar o maior número possível de startups e empresas que pretendam testar e acelerar a chegada dos seus produtos e serviços ao mercado.

De que forma acha que este programa pode ajudar a ultrapassar a fase crítica do setor dos media em Portugal?

Este programa está inserido num projeto mais lato, o Aveiro Media Competence Center (AMCC), que tem como objetivo apoiar os media europeus no seu processo de transição digital. Como se sabe, os processos de transição digital são complexos, demorados, e compostos por inúmeros desafios. Ora, um dos grandes desafios é o acesso a soluções tecnológicas. Deste ponto de vista, este programa, Media Open Call Innovation Program, não só é uma oportunidade única para a transição e transformação do setor dos media, como também acreditamos poder ser central para impulsionar um ecossistema digital nesta indústria.

Acreditamos que o desenvolvimento deste ecossistema terá um impacto positivo no apoio ao setor que está a ultrapassar uma fase crítica. Mas, como digo, é uma parte ou peça da solução que tem necessidades e respostas mais abrangentes.

Este programa, Media Open Call Innovation Program, não só é uma oportunidade única para a transição e transformação do setor dos media, como também acreditamos poder ser central para impulsionar um ecossistema digital nesta indústriaJoão Moraes Palmeiro

O que prevê o investimento de 2,5 milhões de euros?

Este investimento visa apoiar o teste e experimentação de 59 pilotos para permitir uma aceleração na chegada de produtos e serviços tecnológicos ao mercado dos media, ou seja, as empresas que testem os seus produtos e serviços na Test Bed AMCC, têm acesso a uma infraestrutura tecnológica e serviços especializados, com um desconto que pode chegar aos 90%.

João Moraes Palmeiro
João Moraes Palmeiro, diretor executivo do AMCC

Que adesão esperam ter ao programa?

Esperamos ter uma forte adesão, quer de empresas que desenvolvam soluções tecnológicas, quer de empresas que trabalhem nesta indústria. Esta é uma oportunidade única para o setor. É também de referir que a Test bed AMCC é a única na Rede de Test Bed Nacional e Europeia, especificamente montada para a indústria dos media.

Que tipo de soluções ou projetos esperam vir a ser apresentadas?

Esperamos encontrar soluções que utilizem tecnologias, como por exemplo, Inteligência Artificial, IOT, Blockchain, Big Data, Realidade Virtual, entre outras. Acreditamos que já existem muitas soluções nas empresas portuguesas, mesmo que tenham sido desenvolvidas para outras indústrias, que podem ser adaptadas à indústria dos media. Este é o incentivo que faltava para facilitar a chegada de produtos tecnológicos a este mercado. Por outro lado, temos uma forte expetativa de ser surpreendidos com soluções inesperadas, pois acreditamos que a falta de mapeamento e de um ecossistema tecnológico faz com que haja boas soluções sem grande visibilidade.

Depois de selecionadas as empresas que vão participar no programa, qual a fase que se segue? Qual a previsão para a apresentação final das soluções tecnológicas?

O programa pressupõe que as empresas usem a nossa infraestrutura e serviços para alcançarem uma evolução tecnológica nos seus produtos. Para além das nossas equipas e infraestruturas, as empresas podem também contar com a colaboração de Parceiros Piloto, que são empresas que desenvolvem a sua atividade no setor dos media. Terminada esta fase de teste do piloto com sucesso, considera-se que o produto atingiu um TRL de 8 ou 9, estando, portanto, pronto para ir para o mercado. Nesta fase, o programa ajuda a encontrar potenciais clientes, bem como facilita o acesso aos nossos Parceiros Financiadores, que são empresas cuja atividade se centra no investimento noutras empresas de forma potenciarem o seu crescimento. A previsão final para soluções tecnológicas é de cerca de 59.

Esperamos encontrar soluções que utilizem tecnologias, como por exemplo, Inteligência Artificial, IOT, Blockchain, Big Data, Realidade Virtual, entre outras

Caso seja um projeto com sucesso, veem com bons olhos uma intervenção futura do Governo?

Isso dependerá sempre da empresa que é proprietária do projeto, e do interesse desse projeto para o Estado. Não nos compete decidir esse tipo de estratégias, quer de um lado quer do outro.

Mas houve conversas com o Governo sobre o tema?

O programa Test Bed está inserido no apoio financeiro PRR. Sendo este articulado por entidades públicas e pelo Governo, tem havido contactos para execução deste tipo de projetos com financiamento europeu.

Qual o papel de cada um dos parceiros, NOS, a Universidade de Aveiro e a Google?

O Parque Ciência e Inovação da região de Aveiro é o líder do consórcio, tendo a NOS como parceiro do mesmo. Juntam-se ao consórcio, como parceiros estratégicos, o Aveiro Media Competence Center, a Universidade de Aveiro e a Google. Cada um dos parceiros tem um conjunto de serviços que disponibiliza para serem usados na Test bed, e que são usados de forma combinada, sendo a sua utilização e complementaridade definida piloto a piloto, de acordo com as necessidades de teste que forem identificadas.

Os últimos dados da APCT dão conta de uma queda de 6% face a 2022. Acha que o futuro dos media passará por uma total transição digital e a tendência para redução cada vez maior das vendas em banca?

A questão sobre o futuro dos media é bastante relevante e envolve uma série de considerações. A transição digital tem sido uma tendência dominante na indústria, com o aumento do consumo de conteúdo online e a crescente importância das plataformas digitais.

No entanto, a venda de jornais em banca ainda desempenha um papel significativo em muitos mercados, especialmente entre certos grupos demográficos que preferem o formato físico. Enquanto a transição para o digital é inevitável, e oferece oportunidades para expandir o alcance e a relevância das publicações, a venda em banca pode continuar a desempenhar um papel importante em determinados contextos.

A chave para o sucesso dos media está na adaptação, de forma ágil e inovadora, às mudanças no comportamento do consumidor e nas tecnologias emergentes. A transição digital é fundamental, mas a preservação de certos formatos tradicionais pode continuar a ser relevante, desde que sejam integrados de forma inteligente e estratégica num ambiente mediático em constante evolução.