Numa forma incomum de pressão pública, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países bálticos pediram à Alemanha que entregue "desde já" tanques pesados Leopard à Ucrânia, invocando a "responsabilidade especial" do país como "primeira potência" da União Europeia.

A Alemanha, contudo, tem mostrado relutância em enviar estes tanques para a Ucrânia ou em permitir que os países que os possuem — e que precisam da sua autorização — o façam.

Recentes relatos divulgados na imprensa indicaram que Berlim só concordaria em realizar as entregas se os Estados Unidos também enviassem os seus tanques Abrams. Mas Washington também se recusa a fazê-lo, alegando razões de manutenção e formação.

Representantes de cerca de 50 países reuniram-se, na sexta-feira, na base norte-americana em Ramstein, na Alemanha, sem chegar a um acordo sobre o envio de tanques pesados.

A Rússia afirmou, por sua vez, que a eventual entrega deste material não mudará nada na frente de batalha e acusou os ocidentais de manterem a "ilusão" de uma vitória ucraniana no conflito. Porém, para muitos especialistas, o uso de tanques pesados modernos pode favorecer a Ucrânia no leste, onde a Rússia retomou a iniciativa militar após sofrer uma série de contratempos.

Enquanto a indecisão permanece, os ucranianos desesperam. "A indecisão destes dias está a matar ainda mais os nossos concidadãos", avisou o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak num tweet.

Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou as incertezas dos seus aliados, dizendo, contudo, estar convencido de que eles "não terão outra alternativa" a não ser entregar tanques modernos para fortalecer a resistência à invasão russa, que começou há quase onze meses.

A Rússia anunciou neste sábado que realizou exercícios de defesa aérea na região de Moscovo, capital do país, para proteger as suas infraestruturas críticas, em caso de “ataques aéreos”. O ministério não detalhou a data exata em que aconteceram os treinos.

Em causa está o facto do país ter sido alvo de vários ataques nas suas regiões fronteiriças nos últimos meses, pelos quais responsabiliza a Ucrânia.

Em Kiev, Zelensky e a sua esposa participaram, neste sábado, do funeral do ministro do Interior, Denis Monastirski, que morreu num acidente de helicóptero na quarta-feira, junto com outras 13 pessoas.

O ato ocorreu num prédio próximo à praça Maidan. Um cortejo de militares levou para o local sete caixões cobertos por uma bandeira ucraniana.

“Glória aos nossos heróis!”, gritaram em coro os presentes, entre eles familiares das vítimas e vários líderes ucranianos. "A Ucrânia perde os seus melhores filhos e filhas todos os dias", lamentou Zelensky após a cerimónia.

Rússia ao ataque

O exército russo afirmou, por sua vez, que as suas tropas lançaram, neste sábado, uma ofensiva na região ucraniana de Zaporizhia, onde os combates se intensificaram após meses sem movimentação na frente de batalha.

As forças russas relataram "operações ofensivas" na região e afirmaram que "assumiram linhas e posições mais vantajosas". Já as tropas ucranianas indicaram no seu boletim matinal que houve confrontos numa dezena de cidades da região na sexta-feira.

Atualmente, os maiores confrontos estão a ocorrer na região de Donetsk. As tropas russas concentram a sua ofensiva em Bakhmut há semanas, com o apoio do grupo paramilitar Wagner, designado pelos Estados Unidos como uma "organização criminosa" internacional.

Um alto funcionário norte-americano afirmou que o exército ucraniano não deveria tentar defender Bakhmut a todo custo, mas sim concentrar-se em preparar uma grande contra-ofensiva.

A questão é que a cidade tornou-se um símbolo maior do que a sua importância estratégica. Zelensky visitou recentemente a linha de frente para encorajar as suas tropas. A Rússia, por sua vez, está ansiosa para conquistar esta cidade e deixar para trás os reveses dos últimos meses.