Lúcia Araújo Silva visitou hoje de manhã o bairro e, logo à chegada, ao perguntar ao jovem casal Simão e Vanessa quais os problemas que sentem, recebeu de resposta: “ui, são tantos!”.

Vanessa desfiou um rol de queixas: a Câmara não faz as obras necessárias nos apartamentos, o parque infantil mantém-se fechado à espera de obras, nenhum dos candeeiros públicos dá luz e a limpeza da rua é assegurada pelos próprios moradores.

“Andaram a juntar os ciganos todos aqui no bairro e levaram embora as pessoas que não eram. Deixaram-nos aqui ao abandono”, lamentou.

Ao percorrer o bairro e ao entrar em alguns dos apartamentos, a candidata socialista e a sua comitiva foi ouvindo repetidamente as mesmas queixas.

De Maria ouviu que, como o filho já pediu uma casa há onze anos e a Câmara não lha dá, ele dorme com a mulher e os dois filhos na mesma cama, num quarto de sua casa.

“Há ratos por todo o lado. Estamos a viver numa senzala. Isto é racismo”, disse Artur, lembrando que o carteiro só vai duas vezes por semana ao bairro e acompanhado de um polícia.

Constança contou que já lhe caiu um bocado do teto na cabeça e que continua a lavar a loiça numa bacia, porque não tem pia na cozinha.

No final da visita, Lúcia Araújo Silva disse estar “triste, desgostosa”, com o que viu e ouviu, num concelho que funciona “a duas velocidades”.

“Temos aquelas festas com que o senhor presidente quer imprimir um ar de modernidade, um ar cosmopolita, e depois, numa freguesia periurbana, um bairro onde vemos o oposto”, considerou.

A candidata socialista questionou “se um presidente de Câmara não é capaz de ser sensível a estas questões sociais, então qual é a sua verdadeira função”.

“Estas pessoas querem aprender, estar integradas, mas também tem de haver alguém com vontade de o fazer”, afirmou.

Caso seja eleita, pretende de imediato “dar um aspeto digno e lavado” às zonas exteriores do bairro e recuperar o interior das habitações.

Lúcia Araújo Silva defendeu ser necessário dar aos moradores alguma formação “ao nível do cuidado de casa” e também que lhes permita terem “uma oportunidade para trabalhar” porque “eles têm essa vontade”, frisou.

Na ‘corrida’ à presidência da Câmara de Viseu estão o atual presidente, Almeida Henriques (PSD), Lúcia Araújo Silva (PS), Paula Jacinta Amaral (CDS-PP), Filomena Pires (CDU), Fernando Figueiredo (BE) e Carolina Almeida (PAN).