A W52-FC Porto “pintou” de azul e branco a 79ª edição da Volta a Portugal em bicicleta. O espanhol Raúl Alarcón andou, desde a primeira etapa até ao final, em Viseu, pelas estradas portuguesas vestido de amarelo. Em paralelo, o pelotão portista assumiu a liderança da classificação por equipas desde o segundo dia de competição. Acumularam ainda seis vitórias em etapas e, na derradeira etapa, contrarrelógio em Viseu, colocaram cinco corredores nos dez primeiros classificados.
“Alcançámos todos estes objetivos, mas trabalhámos para isso”, frisou Nuno Ribeiro, diretor desportivo da equipa do Sobrado.
Depois de duas voltas conquistadas com as camisolas do W52-FC Porto, Adriano Quintanilha era o rosto da felicidade após o tradicional banho de champanhe no pódio. O empresário, dono da empresa W52 e parceiro da equipa de ciclismo do FC Porto, aponta agora ao Tetra. “Temos um acordo por mais três anos, pelo que quero o Tetra com as camisolas W52-FC Porto”, sublinhou o Dragão de Ouro de 2016, distinguido, então, pelo “Projeto do ano”.
Joaquim Gomes quer Benfica ao lado de Sporting e Porto
Na comemoração dos 90 anos de prova, o portista Amaro Antunes foi o “Rei dos Trepadores”, vestindo no final a Camisola Azul Liberty Seguros. Vicente Garcia de Mateos (Louletano - Hospital de Loulé) foi o mais regular em prova conquistando a Camisola Verde Rubis Gás, símbolo da liderança por pontos. Krists Neilands (Israel Cycling Academy), o melhor jovem em prova, foi consagrado em Viseu com a Camisola Branca RTP.
Rui Sousa (RP-Boavista), 41 anos, despediu-se das estradas nos 90 anos da prova. Recebeu o prémio Carreira. “Não tem preço o carinho recebido. É fruto da longevidade de uma carreira”, afirmou. “Deixo um buraquinho na Volta mas agora há outros. É a lei da vida”, disse na etapa final da Volta a Portugal, que terminou em Viseu.
No balanço da 79ª edição, na conferência de imprensa final, Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal, apelou ao regresso do Sport Lisboa e Benfica à estrada e ao ciclismo com uma equipa que possa discutir a Volta a Portugal ao lado do W52-FC Porto e do Sporting-Tavira. “[A prova] dará um salto qualitativo enorme”, sublinhou.
O vendedor ambulante e o ciclista de 71 anos terminaram a Volta a Portugal
A Volta a Portugal teve início em Lisboa, Prologo, no passado dia 4 de agosto, decorreu ao longo de 10 etapas e terminou em Viseu, com um contrarrelógio.
De Lisboa a Viseu, em cada uma das “Cidades do Ciclismo” onde a caravana estacionou, andou igualmente o “Pedalar por uma Causa”, projeto de responsabilidade social da Rubis Gás. Com três bicicletas fixas bastava “dar ao pedal” e acumular quilómetros que serão traduzidos numa verba a ser canalizada para três instituições: Associação Acreditar, Ajuda de Berço e Dançando com a Diferença. Ao todo, o conta-quilómetros oficial contabilizou 3266, 8 km o que se traduziu em 14.569 euros.
Para além da caravana de equipas, organização e patrocinadores, o desporto mais popular do país teve seguidores fiéis ao longo do percurso. Luiz Moura, espanhol de Alicante, artesão e vendedor ambulante de bicicletas que cabem na palma da mão, entrou na Volta a Portugal em Reguengos de Monsaraz. Rui Vasco, 71 anos, tripeiro de gema, arrancou de Lisboa e andou com a caravana, percorreu mais de 500 quilómetros em cima da sua bicicleta alternando o trajeto com o recurso ao comboio, a uma carrinha 4L (que avariou) e, desde Fafe, a uma mota de três rodas. Ambos, movidos pela paixão pelo ciclismo, lá estavam em Viseu, 10ª etapa e final da 79ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta.
Em estreia da “Grandíssima”, Luiz Moura tinha, e tem, no curriculum o Giro, Itália, Tour de France e la Vuelta, Espanha. O negócio tem sido rentável nessas paragens. Portugal, não ficou atrás. “Vendi 800 até hoje antes do último dia”, contabilizou por alto.
De partida para a Vuelta deixou uma garantia. “Regresso para o ano”, prometeu. Um regresso que deverá ser acompanhado, de novo, pelo cunhado que vive no Chile e, que tal como ele, estreou-se nas estradas portuguesas. “Aqui gostam muito de ciclismo e o povo é muito acolhedor”, elogiou.
Das duas paras as três rodas e de novo para as duas rodas
Rui Vasco falou com o SAPO24 no alto da Senhora da Graça. Luiz Moura tinha-o feito em Macedo de Cavaleiros.
Com 71 anos, e com a mesma camisola vestida com que se aventurou para a estrada, aponta para os conta-quilómetros. “Fiz 507 quilómetros em cima da bicicleta. Aos 71 anos”, reforçou Rui Vasco.
No trajeto feito não escapou a alguns percalços. A Renault 4 L em que andava entre etapas “avariou” no dia de descanso, em Fafe. Regressou a Paços de Brandão e “vim numa mota de três rodas”, intercalado com pedaladas em cada uma das etapas.
Lá estava em Viseu, onde cumpriu antes dos ciclistas o circuito do contrarrelógio de 20 quilómetros. “Para o ano andarei na estrada”, prometeu, tendo respondido afirmativamente ao convite feito pela “Pegada Ecológica”.
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