"Estão criadas as condições para darmos início a esta extraordinária Assembleia-Geral do Sporting Clube de Portugal". Foi com estas declarações que Jaime Marta Soares, presidente da AG dos leões, deu as boas-vindas aos sócios sportinguistas no Pavilhão João Rocha. Cumprimentados todos os presentes, dos sócios aos orgãos sociais, e explanadas todas as propostas que estão em causa nesta Assembleia, Marta Soares reforçou ainda o pedido aos sócios para estes não partilharem fotos ou vídeos com o exterior (os únicos órgãos de comunicação social permitidos são os do clube).

Depois, palavra a Bruno de Carvalho. Que estruturou o discurso em 13 pontos, disparando em várias direções.

"Desde dia 3 de fevereiro, apenas vi uma questão a ser feita sobre um artigo dos estatutos", pelo que é "por demais evidente que não existem questões sobre os estatutos e regulamentos", começou por dizer o presidente leonino.

Em seguida, falou aos associados e aos jornalistas que compunham os dois grupos convidados pela atual direção para sessões de esclarecimento relativas aos pontos que estarão em causa nesta AG, acusando-os de "ficar em casa" e de "falta de coragem", no primeiro caso. E atacou os sportinguistas que "preferem a guerra ao estilo terrorista" apenas com o objetivo de "injuriar" e criar uma imagem deturpada do presidente do Sporting CP.

Atacando depois alguns notáveis sportinguistas como Abrantes Mendes (antigo candidato à presidência do clube), Dias da Cunha (antigo presidente do Sporting CP), Pedro Madeira Rodrigues (candidato derrotado nas últimas eleições) ou José Roquette, que liderou os leões no final dos anos 90 e que o apelidou de "Trump do futebol português", Bruno de Carvalho lembrou que a sua liderança afastou o clube de "grupinhos" para "dar voz aos adeptos e associados do Sporting Clube de Portugal".

"É verdadeiramente vergonhoso" um clube como o Sporting CP "não ter um regulamento disciplinar", prosseguiu Bruno de Carvalho, atacando depois Rogério Alves, uma pessoa que, segundo o atual presidente do Sporting CP, tem sempre um "mas" guardado para as suas ações, por nunca ter denunciado tudo o que de mau se passou no clube nos últimos anos.

"É preciso é voltar aos tempos dos favores e colocar as vozes incómodas a trabalhar dentro do clube para as calar", continuou ironicamente Bruno de Carvalho, num discurso pautado sempre por assobios a alguns dos nomes mencionados pelo líder leonino.

Lembrando depois Marco Silva, que segundo o presidente dos leões chegou a dizer a jornalistas que este "nunca o iria despedir do Sporting CP", mas sim que seria ele a levar os sócios a "despedi-lo", Bruno de Carvalho referiu que aquilo que sempre fez "foi defender o Sporting CP, contra tudo e contra todos". E atacou também Rui Morgado, que fazia parte da lista de sportinguistas convidados a marcar presença nas referidas sessões de esclarecimento, aludindo ao seu papel nas eleições leoninas de 2011, as primeiras em que participou mas que deram a vitória da Godinho Lopes.

Num discurso em que disparou em várias direções, incluindo contra os "betos e pseudo-betos da Juventude Leonina" que o criticaram, Bruno de Carvalho lembrou que só recebe "ordens" dos sócios e não de parceiros ou bancos, referindo-se ao facto destes últimos terem colocado em causa a construção do Pavilhão João Rocha no âmbito da reestruturação financeira do clube. E deixou ainda uma frase forte: "Não tenho dúvidas que se João Rocha fosse vivo estaria aqui do meu lado", recordando o antigo líder leonino que deu nome ao pavilhão.

Depois, falou dos estatutos e do regulamento disciplinar. "Existe alguma coisa diferente dos milhares ou milhões espalhados pelo mundo?", questionou. "A resposta é não. Não existe nada diferente", afirmou peremptoriamente.

Por último, deixou um apelo aos sócios relativamente aos "interesses" que não o querem à frente do clube e à votação que acontecerá em seguida. "Agora têm de estar comigo, caso contrário os interesses acabam comigo num instante", pediu, terminando com um "viva o Sporting CP", entre palmas e ovações.