“Olhei para ela [a sueca Fanny Roos, medalha de prata após bater o recorde nacional com um lançamento de 19,29 metros], e para a marca, e disse para mim: ‘Auriol’, o primeiro é o teu lugar, não é de mais ninguém, e lancei com isso na minha mente”, contou a atleta, citada pela Federação Portuguesa de Atletismo.

Após o triunfo, lembrou o filho e o treinador, Paulo Reis, que fez “muitos sacrifícios” para a colocar neste patamar, tendo-o visto, hoje, “muito tranquilo”, ao contrário do habitual, em que é “muito interventivo”.

Mesmo depois de ter garantido a vitória na prova, num 2021 em que tem liderado a modalidade e somado vitórias, admitiu ter entrado “um pouco nervosa”, uma vez que a atleta, que disputou os Jogos do Rio2016 pelos Camarões, se estreava em Europeus.

“Mas estou muito feliz por chegar e conquistar o ouro”, atirou a recordista nacional de Portugal e Camarões, que tem a melhor marca mundial de 2021 (19,65 metros).

“No aquecimento fiz um lançamento bem acima dos 19,80 metros, mas o que importa é que consegui a medalha e logo a de ouro”, comentou.

Já apurada para Tóquio2020, adiado para este verão, o objetivo é continuar até lá “em boa forma”, tendo como objetivo “alcançar os 20 metros ainda este ano”.

Dongmo venceu na final com um arremesso de 19,34 metros, num concurso em que atirou sempre a mais de 19 metros, tirando o primeiro e o último, que foram nulos.

A medalha de prata foi para a sueca Fanny Roos, com 19,29, e a de bronze para a alemã Christina Schwanitz, com 19,04.

Medalha de Dongmo é a 24.ª portuguesa, primeira no peso

O triunfo de Auriol Dongmo em Torun eleva para 24 as medalhas que Portugal já conquistou em Campeonatos da Europa em pista coberta, sendo a primeira de sempre em lançamentos.

A maioria de medalhas de ouro fica ainda mais reforçada, com 13, contra nove de prata e somente duas de bronze.

O meio-fundo curto (800, 1.500 e 3.000 metros) ainda domina, com 13 medalhas, seguido pelos saltos, com oito. Uma medalha apenas para a velocidade, com Francis Obikwelu, uma para as provas combinadas, através de Naide Gomes, e agora uma para os lançamentos, com Dongmo.

O único atleta português com três títulos continentais é Rui Silva, mais um do que Fernanda Ribeiro, Nelson Évora e Naide Gomes, que contribuem com dois cada para o total luso de ouro.

Estes quatro atletas e Carla Sacramento são os mais medalhados de sempre nesta competição, assegurando mais de 70 por cento dos pódios a que Portugal chegou: Rui Silva e Naide Gomes com quatro cada, Carla Sacramento, Nelson Évora e Fernanda Ribeiro com três.

Sara Moreira, com duas medalhas, João Campos, Carlos Calado, Francis Obikwelu, Patrícia Mamona e Auriol Dongmo completam a lista de 11 atletas que já trouxeram para Portugal medalhas em Campeonatos da Europa em pista coberta.

Em 1990 há ainda a registar a conquista de uma medalha de bronze no triplo salto feminino, através de Ana Oliveira, mas a prova era de exibição, porque a modalidade ainda não fazia parte do calendário oficial para as mulheres.