Sérgio Ramos tem o toque de midas dos momentos decisivos. Sobretudo aqueles momentos decisivos que no futebol se traduzem em marcar golos mesmo na recta final, quando o adversário já pouco ou nada pode fazer. Sem misericórdia. Foi assim hoje no Nou Camp, frente ao Barcelona, como já tinha sido na final de Lisboa da Liga dos Campeões frente ao Atlético de Madrid.
Sérgio Ramos nasceu em Sevilha há 30 anos e foi em Sevilha que começou a carreira de futebolista. Corria o ano de 2003, tinha apenas 17 anos e envergava a camisola do clube da cidade. O jogo de estreia foi frente ao Deportivo da Corunha. Em 2005, com 19 anos, chegava ao Real Madrid pela porta grande: os merengues pagaram por ele 30 milhões de euros naquela que foi considerada à época a transferência mais cara da Liga Espanhola.
Na segunda temporada com a camisola do Real Madrid, em 2006, Sérgio Ramos marcou um golo frente ao Barcelona. Não foi um golo qualquer. Foi o terceiro golo do Real Madrid e o golo que lhe permitiu conquistar o empate frente ao rival da Catalunha. De cabeça e, como recorda o El País na sua edição de hoje, com Sérgio Ramos a ostentar uma fita branca à volta da cabeça.
Em 2008, no jogo que sagrou o Real Madrid campeão da Liga Espanhola frente ao Osasuna, Ramos mostrou também a sua arte de decidir partidas quando já pouco tempo sobra para o adversário dar a volta ao resultado. Dessa vez, não seria ele a marcar, mas seria dele a assistência para Higuaín. Aos 89 minutos.
Mas terá sido a 24 de maio de 2014 que Sérgio Ramos fez justiça aos especialistas que dizem que nunca um defesa foi tão eficaz na grande área como ele. Um golo aos 93 minutos permitiu ao Real Madrid restabelecer a igualdade com o Atlético de Madrid (1-1) e forçar o prolongamento na final da Liga dos Campeões em futebol. Não era um jogo qualquer. Era a quarta tentativa desde 2001/02 do Real Madrid voltar a trazer para casa a tão ambicionada taça – La Decima da sua história. Sérgio Ramos conseguiu o prolongamento e Cristiano Ronaldo selou a vitória.
Agosto, 2016. Supertaça Europeia, no Lerkendal Stadion, na Noruega. Real Madrid frente ao Sevilha, a primeira casa de Sérgio Ramos. Jogo disputado, Real Madrid adiantou-se no marcador, Sevilha empatou, ainda na primeira parte. Nos segundos 45 minutos, Sérgio Ramos comete falta na grande área, é assinalado pénalti a favor do Sevilha, o Sevilha marca. Acabou assim? Não, foi um daqueles jogos que só acaba quando Sérgio Ramos diz que acaba - aos 93 minutos, o sevilhano e defesa central do Real Madrid fez o golo do empate. O resto da história adivinha-se: prolongamento e Carvajal muito perto dos 120 minutos faz a vitória para o Real Madrid.
Aquele que um dia se disse muito humilde para ser galáctico, pediu, ao chegar ao Real, a camisola n.º 4 de Fernando Hierro, capitão de equipa dos “merengues” até 2003 . Não é de pessoa humilde, mas é de alguém que sabe o que quer. Sérgio também já disse a Cristiano Ronaldo que um dia gostava de ganhar a Bola de Ouro. Ronaldo riu-se, mas Sérgio Ramos é um jogador de ideias fixas.
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