Antes de mais dizer que jogos como os que o Tottenham teve no passado fim de semana e irá ter pela frente no domingo são aqueles que farão da equipa candidatos ou não ao título inglês — o mesmo se poderá dizer para o Chelsea. Até ver o Liverpool não abrandou o ritmo e parece, ainda, um nível acima a qualquer opositor. Sendo cedo para fazer considerações extensas, Chelsea e Tottenham já mostraram não só estarem mais fortes que o Manchester City, como parecem ser os grandes candidatos a importunar o Liverpool de Jürgen Klopp.

Como o Tottenham bateu o City

Não foi fácil, mas foi simples. Trabalho árduo, muita coesão, e uma aposta clara nos pontos fortes da equipa. Pontos esses abordados na semana passada em "Mourinho não se dá bem com Guardiola".  

Com um bloco médio/baixo, o Tottenham foi capaz de conter as iniciativas mais perigosas do City, de controlar De Bruyne e principalmente de tirar vantagens das suas próprias qualidades. Ndombele dominou o meio campo em transições, Pierre-Emile Højbjerg dominou na contenção, Harry Kane no apoio à transição ofensiva e qualidade de passe. E, claro, o já habitual Son dominou na finalização, colocando os Spurs na frente do marcador logo aos cinco minutos, ajudando ainda mais a que a estratégia montada pelo treinador português, que a partir desse momento controlou a situação através de muito esforço e entrega ao jogo.

José Mourinho parece ter colocado para trás as inovações de jogar com três centrais, de colocar quatro elementos de maior propensão ofensiva, de pressionar alto, etc. O José Mourinho de antigamente parece estar de volta e ter desenhado uma estratégia e montado uma tática que vai não só de encontro à sua forma de encarar o jogo, como de encontro à maioria dos jogadores que possui.

Será o Chelsea mais fácil de ultrapassar que o City?

As fragilidades que o city não explorou foram precisamente aquelas que apontámos na antevisão do jogo. A zona do terreno em que, presumo, José Mourinho se irá concentrar nas próximas janelas de transferência, será a zona central da defesa. E será aí, até existirem soluções mais consistentes, que as equipas poderão capitalizar em jogos frente ao Tottenham. Apesar disso, por culpa própria e muito mérito do Tottenham, o City não conseguiu colocar mais homens na área e o serviço de bolas perigosas em direção da mesma foi igualmente de fraca qualidade.

Por seu turno, a capacidade aérea do Chelsea (quer através de bola parada, quer através de bola corrida e a facilidade em colocar homens na área) em criar situações pouco confortáveis às defesas adversárias tem sido deveras impressionante. Uma das principais vantagens que o Chelsea irá tentar impor à equipa de Mourinho será nessa vertente do jogo. Para tal, os defesas laterais selecionados pelo treinador português terão que ser especialmente assertivos na partida frente ao Chelsea. Assim foi frente ao City, com Serge Aurier e Sergio Reguilón a fazer impressionantes exibições. Ambos com inícios de época menos bons, são os jogadores que mais têm evoluído neste início de época 2020/21.

Assim sendo, e estando este Chelsea em grande nível, este poderá ser um encontro mais complicado para os Spurs que o próprio Manchester City. Uma equipa menos previsível e com mais qualidade, ou pelo menos mais diversidade em áreas próximas da baliza, precisamente onde o Tottenham poderá apresentar algumas dificuldades. 

O grande objetivo e aquela que poderá ser a grande vantagem de Mourinho para o jogo

Ao analisarmos as vantagens que uma equipa poderá levar em relação à outra a mais óbvia, mas não necessariamente a mais importante, será o facto de Frank Lampard conhecer melhor José Mourinho como treinador do que Mourinho conhece Lampard na mesma capacidade. Contudo, no campo, e independentemente de Frank Lampard estar ou não consciente do que o treinador português poderá planear, Mourinho poderá retirar vantagem de um pormenor que virá, em minha opinião decidir o rumo da partida.

Tanguy Ndombele
créditos: EPA/NEIL HALL

O dínamo de ambas as equipas encontra-se na posição de médio centro/defensivo, mais precisamente em N’Golo Kante e Pierre-Emile Højbjerg. São os líderes destacados em números de toques, passes e desarmes e são os principais pêndulos das respetivas equipas quer a defender quer a atacar. As suas exibições refletem, na maioria das vezes, as exibições das suas equipas.

Podendo este jogo, assemelhar-se ao Tottenham v City, numa visão macro do jogo, o Chelsea dependerá muito mais do camisola sete do que o City dependeu de qualquer jogador. E é aqui que poderá entrar a arma (pouco) secreta de José Mourinho, o já muito falado Tanguy Ndombele. O internacional francês é uma peça única no jogo, quer do lado do Tottenham como do Chelsea. Querendo com isto dizer que Ndombele é o homem indicado para colocar pressão no adversário, principalmente na zona de actuação de Kante e, ao contrário, o Chelsea não terá ninguém com a mesma capacidade de realizar a mesma função. Sem grande surpresa Ndombele foi o primeiro elemento do Tottenham a ser substituído no encontro desta quinta-feira frente ao Ludogorets a contar para a Liga Europa, jogando apenas 60 minutos, já a pensar no embate frente aos Blues e na energia que será requerida do médio no encontro de domingo.

Premier League | 10.ª jornada

Sexta-feira, 27 de novembro

20h00 | Crystal Palace v Newcastle

Sábado, 28 de novembro

12h30 | Brighton v Liverpool
15h00 | Man City v Burnley
17h30 | Everton v Leeds

20h00 | WBA v Sheffield Utd

Domingo, 29 de novembro

14:00 | Southampton v Man Utd
16:30 | Chelsea v Tottenham
19:15 | Arsenal v Wolves

Segunda-feira, 30 de novembro

17h30 | Leicester v Fulham

20h00 | West Ham v Aston Villa

Podemos sempre argumentar que o Chelsea não terá que fazer essa pressão sobre Højbjerg com tanta regularidade, pois espera-se um bloco mais baixo dos Spurs e como tal a maioria dos ataques serão rápidos, colocando desafios muito diferentes. Completamente de acordo. Ainda assim isso não minimiza os estragos que o Tottenham de Mourinho poderá fazer aos planos do Chelsea, controlando essa posição do terreno com maior autoridade que qualquer outro adversário que o Chelsea tenha enfrentado até ao momento. 

Esta semana na Premier League

Além do destaque ir para o embate hoje aqui analisado, especial atenção terá que ser dada a todo o domingo da Premier League. Um equilibradíssimo Southampton defronta um United a recuperar caminho, especialmente com o regresso de Bruno Fernandes às grandes exibições após um início de época mais calmo - para o que o português nos tem habituado. E a terminar o dia, um Arsenal Wolves que promete bastante uma vez que as equipas não só se apresentam apenas a um ponto de diferença na tabela, como os estilos de jogo de ambas poderão fazer deste um encontro épico.