“Estamos muito preocupados. Mesmo muito preocupados, porque esta seca já vai muito longa e a nossa zona tem essencialmente olival tradicional, que não tem rega e que está a ser muito afetado”, apontou António Amaral, presidente da direção desta cooperativa que agrega concelhos do Fundão, Belmonte e Covilhã.

Segundo especificou, os principais problemas prendem-se com o calor que se verificou no tempo da floração e que comprometeu o vingamento da azeitona, bem como com a falta de água nos solos que está a deixar as árvores em ‘stress hídrico’ e a contribuir para um fraco desenvolvimento da azeitona.

Além disso, também se está a registar uma queda muito prematura e haverá mesmo produtores que até já estão a ponderar se vale a pena fazer a colheita.

“As pessoas veem pouca azeitona e já nem a vão apanhar, principalmente quando têm de contratar mão-de-obra”, apontou, lembrando que a situação se traduz em prejuízos, quer para os agricultores, quer para os produtores de azeite, que terão menos matéria-prima para trabalhar.

Este dirigente também não acredita que o problema possa ser resolvido com alguma chuva que, entretanto, possa cair.

“Pode mudar alguma coisa, mas não muito. Quando a azeitona não está lá, já é difícil”, resumiu.

Por outro lado, lembrou ainda os incêndios como um aspeto que pode contribuir para as quebras de produção, dado que houve olivais que arderam e outros que foram muito afetados.

O cenário leva mesmo a Cooperativa de Olivicultores do Fundão a admitir que dificilmente atingirá os números de 2021, quando recebeu 3.250 toneladas de azeitona, o que corresponde a 497 mil litros de azeite.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocava, no final de julho, 55,2% do continente em situação de seca severa e 44,8 em situação de seca extrema. Não havia nenhum local continental que estivesse em situação normal ou em seca fraca ou mesmo em seca moderada.