“Para a economia da região e para a economia do país, era fundamental que essa solução existisse, que tivéssemos Orçamento [do Estado], que soubéssemos para onde é que íamos”, afirmou à agência Lusa António Poças.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

O Presidente convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.

António Poças referiu que todos foram “apanhados de surpresa” com a situação.

“Vemos com alguma preocupação, mas também temos de ver com alguma serenidade”, disse o dirigente, que reconheceu que a situação prejudica a “credibilidade internacional” do país, o que “é mau”, e “traz um conjunto de incertezas adicionais para a conjuntura económica, para as empresas, o que também é mau”.

Defendendo que, neste momento, há que “deixar o senhor Presidente da República e os partidos fazerem o seu trabalho”, o presidente da Nerlei defendeu a necessidade de não se perder o foco na economia.

“As empresas já enfrentam um conjunto grande de constrangimentos e não precisamos de mais, e é fundamental que não [se] prejudique a implementação do Portugal 2030 e do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, declarou, esclarecendo que são estas as preocupações mais imediatas da associação.

A este propósito, António Poças salientou que “as empresas fizeram investimentos” e “isso não pode parar, porque, se para, o que foi feito perde-se”.

Alertou ainda para eventuais atrasos na execução destes dois planos de investimento nos quais a Nerlei integra projetos enquanto parceira com várias empresas associadas e outras entidades.

“Depois, temos mais uma vez a mesma coisa, muito pouco tempo para fazer aquilo que devíamos ter feito com mais tempo e com mais calma”, assinalou.

Questionado sobre se está preocupado com a eventualidade de suceder uma crise económica a esta crise política, o presidente da Nerlei respondeu afirmativamente, acrescentando: “Mas estamos a trabalhar para que isso não aconteça”.

A Associação Empresarial da Região de Leiria, fundada em 1985, tem cerca de mil associados.