António Costa falava aos jornalistas no final de uma reunião de cerca de três horas na Assembleia da República com a dirigentes e coordenadores do Grupo Parlamentar do PS.

Interrogado sobre as pressões para que a proposta de Orçamento do próximo ano possa ir mais longe em matéria de aumento de rendimentos, em consequência do maior crescimento económico verificado este ano, o líder do executivo respondeu: "Não há folga".

"O maior crescimento económico significa o sucesso destas políticas - um sucesso que resultou de haver reposição de rendimentos, maior investimento e maior consolidação orçamental. Foi essa maior confiança no funcionamento da economia portuguesa, afastando-se o espetro dos diabos que alguns imaginaram, que também tem permitido um maior crescimento económico", reagiu o primeiro-ministro.

De acordo com António Costa, se a confiança fosse colocada em causa, "o crescimento poderia não ser este".

"Por isso, temos de continuar este caminho com prudência, com rigor e com ambição, quer na elaboração quer na execução do Orçamento", frisou.

Em relação ao próximo Orçamento, António Costa disse que os principais objetivos são "uma maior justiça fiscal, através do aumento da progressividade nos escalões de IRS, e iniciar o descongelamento das carreiras".

"Temos vontade de reforçar o investimento na área da cultura, da educação, da saúde e da ciência. Portanto, é um Orçamento de progresso em 2018, mas terá de ser sempre um Orçamento de progresso sustentável, porque não podemos correr o risco de dar um passo maior do que a perna", frisou.

Perante os jornalistas, o primeiro-ministro caraterizou também a próxima proposta de Orçamento do Governo como sendo de "continuidade" face às anteriores.

"Vamos prosseguir as principais linhas políticas: Consolidação orçamental, apoio ao investimento e consolidação dos rendimentos", disse, antes de se recusar a identificar matérias já fechadas nas negociações com os parceiros de esquerda (PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes".

"Haverá no próximo Orçamento avanços no aumento dos rendimentos das famílias, com melhoria das condições de investimento, quer público, quer privado, tendo em vista dar sustentabilidade ao crescimento económico e à criação de emprego. Em simultâneo, com prudência, com conta peso e medida, continuará esta trajetória essencial de consolidação e de cumprimento das metas orçamentais", insistiu.

Mais 500 milhões descativados que em 2016

O primeiro-ministro afirmou hoje também que este ano já há mais 500 milhões de euros descativados do que em 2016 por esta altura, resultado que atribuiu à forma como tem decorrido a execução do orçamento em 2017.

"Neste ano, já temos neste momento descativados mais 500 milhões de euros do que no ano passado na mesma época, porque felizmente a execução orçamental está a correr bem. Portanto, tem sido possível acelerar a execução da despesa face ao ano passado", declarou o líder do executivo.

[Notícia atualizada às 21:25]