A decisão foi tomada numa cimeira de sindicatos da Frente Comum, afeta à CGTP, em resposta ao resultado da reunião de quarta-feira com o Governo.

"Face à postura assumida pelo Governo, que não apresentou nenhuma proposta salarial, mantendo os 0,9% que nos foram impostos em janeiro, nem respondeu ao nosso caderno reivindicativo, os sindicatos da Frente Comum decidiram avançar com esta forma de luta, uma semana antes da votação final global do Orçamento do Estado" para 2022 (OE2022), disse o coordenador da Frente Comum Sebastião Santana à agência Lusa.

Para o sindicalista, a atualização de 0,9% "é completamente inaceitável porque, face ao aumento do custo de vida que se verifica hoje, representa o agravamento da perda de poder de compra"

Sebastião Santana salientou que, se o Governo tiver vontade de sanar o conflito, ainda tem tempo de alterar a situação antes da aprovação final do OE2022.

As três estruturas sindicais da administração pública reuniram-se na quarta-feira, pela primeira vez, com a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e com a secretária de Estado Inês Ramires, para definirem as matérias prioritárias para a negociação.

Antes da reunião, dirigentes e ativistas sindicais da Frente Comum concentraram-se junto à residência oficial do primeiro-ministro, em S.Bento, onde entregaram o caderno reivindicativo, que inclui o aumento dos salários para todos os trabalhadores da função pública, a valorização das carreiras e o reforço dos serviços públicos.

Além do aumento geral dos salários em 90 euros, a Frente Comum reivindica a correção da Tabela Remuneratória Única, o descongelamento efetivo das promoções e das progressões nas posições remuneratórias e a revisão do sistema de avaliação.

A reunião com o Governo ocorreu uma semana depois da entrega da proposta do OE2022 no parlamento, que não prevê aumentos salariais para 2022, além dos 0,9% já aplicados em janeiro, apesar da subida da inflação.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, quando apresentou a proposta de OE2022 aos jornalistas, afastou a possibilidade de aumentos salariais intercalares dos funcionários públicos em 2022, para fazer face à escalada dos preços, defendendo que essa decisão poderia agravar a inflação.

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