"Nós precisamos de criar um novo tipo de sistema social que desarme as mentalidades que criam ódio", disse o académico moçambicano, falando à margem de uma palestra na Associação de Escritores Moçambicanos em Maputo.

Apontando a redistribuição de recursos de poder como uma das soluções para a crise política e militar que opõe as forças dominantes em Moçambique, o professor na Universidade Eduardo Mondlane entende que a adoção de uma posição mais pujante por parte dos académicos do país é fundamental para a resolução dos problemas sociais e considera que a função da academia deve ser sempre "produzir soluções".

Num momento em que persistem relatos de violência entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Carlos Serra alerta para as consequências de uma má gestão das armas, entendendo que Moçambique é um Estado soberano reconhecido por entidades internacionais e, por isso, não pode ser qualificado como uma fação rival.

"Em parte nenhuma do mundo existe um Estado com dois exércitos", afirmou o académico, lembrando, no entanto, que a intolerância política tem sido uma das principais causas dos problemas do país e apelando para um diálogo sério como forma de resolver diferenças políticas.

As delegações do Governo moçambicano e da Renamo nas negociações de paz em Moçambique continuam a divergir sobre os termos para a cessação das hostilidades militares e agora o processo negocial registou uma pausa até 12 de setembro.

As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento para dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.

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