"O plano piloto destina-se apenas a quem tem de cuidar de idosos com 65 ou mais anos, crianças até três anos e doentes. Segundo algumas opiniões da sociedade, os requisitos são demasiado exigentes", disse a deputada Wong Kit Cheng, numa intervenção na reunião plenária AL de Macau.

A também enfermeira explicou que, "durante a epidemia, as aulas das crianças com mais de 3 anos foram frequentemente suspensas, e o horário de trabalho de alguns pais passou a ser instável", tornando-se necessário o "apoio dos trabalhadores domésticos".

Também o deputado Ron Lam criticou a ausência de "informações detalhadas" sobre este regime excecional, que vai permitir aos empregadores fazerem pedidos para a vinda dos trabalhadores de nacionalidade filipina a partir da próxima segunda-feira.

"As reservas em hotéis para observação médica estão sempre esgotadas, por isso, mesmo que as empregadas domésticas preencham os requisitos, não se sabe quando é que podem entrar", acrescentou.

Lam notou ainda que os custos inerentes ao transporte e à quarentena dos trabalhadores podem chegar às "dezenas de milhares de patacas" e, no caso de infeção "o tratamento é pago pelo empregador".

São "grandes encargos, apesar do aligeiramento das restrições", apontou ainda na sessão Wong Kit Cheng, notando que "só é possível verificar se a qualidade do trabalhador está aquém das expectativas após a quarentena" e, por isso, "as necessidades das famílias podem não ser satisfeitas atempadamente".

Ao defender a salvaguarda do trabalho local, Wong Kit Cheng sugeriu ao Governo que continue a "cooperar com as associações e instituições na formação para trabalhadores domésticos locais", de forma a dar "mais opções aos empregadores e trabalhadores" e "elevar a qualidade desse trabalho e a estabilização do mercado".

As autoridades do território anunciaram, na semana passada, que vão levantar as restrições fronteiriças a trabalhadores não-residentes filipinos, numa medida que visa colmatar a escassez de trabalhadores em diversas áreas de trabalho em Macau e que vai abarcar também profissionais do ensino estrangeiros, incluindo professores portugueses.

Macau, que apenas registou 82 casos desde o início da pandemia, tem mantido fortes restrições fronteiriças desde o início de 2020, proibindo a entrada de estrangeiros, numa aposta na política de 'zero casos' de covid-19, tal como acontece na China.

A covid-19 causou mais de seis milhões de mortos em todo o mundo desde o início da pandemia desta doença, provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.

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