"As manifestações violentas são o resultado do cansaço do povo moçambicano", declarou Ismael Nhacucue, porta-voz da terceira força política no parlamento, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

Em causa está a circulação de mensagens convocando uma manifestação geral contra o aumento do custo de vida no país, um episódio que na quinta-feira deixou a capital moçambicana a meio-gás e sob forte presença policial.

Para o MDM, o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, mostra-se incapaz de resolver os problemas do povo, acrescentando que as estratégias adotadas para minimizar o impacto da crise têm estado a beneficiar as elites, como é o caso da decisão de subsidiar os transportadores face ao aumento de combustíveis.

"O subsídio aos transportes visa satisfazer uma elite e não vai resolver o problema do custo de vida que sufoca o povo moçambicano. É neste princípio que o MDM propõe ao Governo a criação de medidas estruturantes", declarou Ismael Nhacucue, acrescentando que a melhor estratégia seria a redução dos custos de bens e produtos, evitando atribuições de subsídios diretos.

"O apoio às famílias deve ser necessariamente via redução de custos e não o subsídio direto porque este processo será sempre seletivo e discriminatório", frisou.

Com o risco de agitação face à circulação de mensagens convocando uma manifestação contra o elevado custo de vida em Moçambique, na quinta-feira as ruas da capital foram percorridas, desde bem cedo, por blindados da Unidade da Intervenção Rápida (força antimotim) e outras forças policiais.

Em pelo menos três bairros (Luís Cabral, Zimpeto e Manduca) algumas pessoas queimaram pneus e tentaram bloquear as estradas, mas os poucos episódios que podiam provocar alguma agitação foram de imediato travados pela polícia, constatou a Lusa nos locais.

O receio de agitação nas ruas deixou a capital moçambicana a meio-gás, com vários estabelecimentos encerrados e dificuldades na mobilidade, na medida em que vários transportadores preferiram encostar os seus veículos devido ao risco.

Segundo dados da polícia moçambicana, 16 pessoas foram detidas alegadamente por atos de vandalismo.

Em 2008 e 2010, o aumento do preço de transporte rodoviário, acompanhado do agravamento do custo dos bens e serviços essenciais, gerou revoltas populares nalgumas das principais cidades do país, resultando em confrontos com a polícia e destruição em alguns locais.

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