Segundo adiantou num comunicado a Pnat, entidade competente para investigar este tipo de crimes, os factos em questão terão sido cometidos em Mariupol, sul da Ucrânia, entre 25 de fevereiro e 16 de março; em Gostomel, na região de Kiev, entre 01 e 12 de março; e Chernigiv, no norte do país, desde 24 de fevereiro, data em que tropas russas invadiram a Ucrânia.

"Estes atos são passíveis de serem classificados como crimes de guerra materializados por ataques intencionais à integridade mental, ataques deliberados contra civis que não participam nas hostilidades, privação deliberada de bens indispensáveis à sobrevivência de civis e ataques deliberados a propriedades civis, roubo, destruição e danos à propriedade", explicou a nota.

As investigações foram confiadas ao departamento central de combate aos crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra (OCLCH).

A Pnat já havia aberto uma investigação após a morte de Pierre Zakrzewski, jornalista franco-irlandês, em 14 de março, perto da capital ucraniana.

A justiça francesa só pode abrir investigações por atos cometidos fora do território francês se a vítima for francesa, se o autor do suposto crime de guerra for francês ou se o autor do crime tiver a sua residência habitual em solo francês.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

CSR // PDF

Lusa/Fim