Ao longo de sete décadas, de Roosevelt a Obama, os presidentes dos EUA procuraram – alguns não conseguiram, apesar de terem tentado – aparecer como líderes do mundo livre. Trump abdicou dessa ambição, até voltou costas aos aliados. Com Trump na presidência a América deixou de ter do seu lado o argumento da autoridade moral.

Um ano depois da eleição e após 41 semanas de exercício de funções Trump tem sacudido o mundo, nem tanto com a aplicação das políticas que pretende, mas com o que anuncia, quase sempre através do seu preferido instrumento de ação política, a conta no Twitter, onde injuria adversários e mete a etiqueta de mentirosos fabricantes de fake news sobre um dos alvos favoritos: os jornalistas e os media.

A turbulência desta presidência dos Estados Unidos passa pela composição da equipa: já substituiu meia dúzia dos principais colaboradores.

Fanfarrão, Trump acumula fiascos. Repetiu que iria impor o famoso muro na fronteira com o México, mas não arranja o dinheiro para a obra. Tentou barrar a entrada nos EUA a muçulmanos de sete países que quis meter em quarentena, mas foi ele quem esbarrou numa contra-ordem judicial. Dedicou-se a tentar desmantelar o Obamacare que o antecessor montou para proporcionar cuidados a 20 milhões de desfavorecidos, mas teve oposição até de correligionários.

Assume o discurso de negação das alterações climáticas, mas é contrariado pela prática de muitas cidades e de grandes empresas.

Alinhado com o lóbi das armas de fogo, Trump é o líder de uma parte mais ultraconservadora da América, o povo que odeia as elites de Washington. São os fidelíssimos 35% que no último barómetro da Gallup declaram total concordância com o presidente – nunca um presidente dos EUA teve tão baixa aprovação no primeiro ano de mandato.

Chegou à Casa Branca com discurso anti-europeu e com grande abertura ao czar Putin. As especulações de conluio com o Kremlin para prejudicar a campanha presidencial de Hillary Clinton ficam, até agora, na fase de apenas suspeitas. Mas a investigação está a mostrar-se implacável e está a cercar várias figuras de topo na campanha Trump de há um ano.

Ainda só passou um ano sobre a eleição. Trump tem contado com a falta de oposição estruturada – os Democratas estão sem uma liderança que convença. Tudo parece continuar imprevisível no tempo da presidência de Donald Trump.