Quando há dois anos a antiga farmacêutica entrou na Redlight Software - empresa que cria soluções tecnológicas na área da saúde – era a única mulher a fazer parte da equipa a tempo inteiro, situação que atualmente já não se verifica, apesar de constatar que esta ainda é uma área frequentada maioritariamente por homens.

"Estamos a falar da área da tecnologia e a verdade é que os homens estão em maioria, mas isso advém logo do facto de, nesta área, ainda nas universidades, não existirem mulheres em quantidade suficiente para depois abastecerem o mercado de trabalho", notou.

Segundo a diretora de operações, o problema não está propriamente nas empresas, mas sim nas escolhas que são feitas durante a formação académica, que depois acabam por se refletir no mercado de trabalho.

Outro dos problemas que ainda se mantém, continuou, prende-se com o facto de, em Portugal, e segundo dados estatísticos, as mulheres receberem em média menos 16% que os homens, com o mesmo nível de qualificação, prova de que "estão ainda longe de conseguir a igualdade".

"É claro que as mulheres tiveram um caminho um pouco mais árduo. Podemos até estar mais próximos do que há uns anos, mas neste momento não estamos em pé de igualdade", disse, frisando que é necessário pensar na igualdade "como um todo".

Sábado, Cláudia Morgado vai apresentar no TEDxPortoWomen uma das sessões focada na responsabilização da sociedade na educação para a igualdade.

Tendo por tema o conceito ‘Bridges' (Pontes), o TEDxPortoWomen vai combinar a intervenção de oradores e ‘performances' ao vivo com vídeos das TEDTalks, provenientes do evento principal, que está a decorrer em Nova Orleães, nos Estados Unidos, desde quarta-feira.

De acordo com um dos organizadores do TEDxPortoWomen, Norberto Amaral, este evento surge da importância de ter espaços em que as pessoas com opiniões diferentes possam dialogar, fazer uma ponte entre si e compreender as opiniões contrárias, o que é "muito importante para a agregação da sociedade".

Apesar do nome do evento, Norberto Amaral salientou o facto de esta ser uma iniciativa voltada para todos os géneros - com apresentações relacionadas com o feminismo e com a luta pela igualdade de direitos e de oportunidades – temas que, disse, "os homens deviam ouvir e ajudar a difundir".

As outras apresentações ficarão a cargo da fundadora da página "Crespas & Cacheadas Poderosas" e estudante do mestrado em Estudos Africanos, Navvab Aly, do arquiteto Nour Machlah (sobrevivente da guerra da Síria), da fundadora do blog "Wine Blogger", Gabriella Opaz, do comediante Jovem Conservador de Direita e da fundadora da The New Digital School Porto, Sara Ramos.