Uma desvalorização de 15 ou 20 minutos
Edição por Abílio dos Reis
Está a ser um fim de semana tudo menos fácil para Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. No centro da questão está o surto de covid-19 num lar em Reguengos de Monsaraz e uma entrevista ao Expresso onde terá dado respostas que "desvalorizam" a situação. Contudo, antes de se aprofundar quem disse o quê, pois são várias as opiniões relativamente às declarações da ministra, uma mini cronologia dos acontecidos sobre o tema:
Sábado, 15 de agosto
Na entrevista que teve destaque na capa do semanário, a governante frisou que existem poucos funcionários, embora esteja em marcha um plano para fazer face à necessidade. Na visão de Ana Mendes Godinho, o seu papel à frente do Ministério passa por apoiar e não por procurar culpados. Todavia, ao considerar "que a dimensão dos surtos nos lares não é demasiado grande em termos de proporção" e ao admitir que não leu o relatório da Ordem dos Médicos sobre a situação do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, o tema ganhou tração ao longo do dia.
Numa reação à entrevista, o CDS-PP considera que a reação da governante desvaloriza o impacto da pandemia de covid-19 nos lares. Para o líder democrata-cristão, Francisco Rodrigues dos Santos, as declarações da ministra, além de "exporem a sua total inabilidade para o cargo e espelharem uma negligência arrepiante", parecem "retiradas de um filme de terror". O Chega juntou-se às críticas e, em uníssono, pediram mesmo a sua demissão. Já o PSD avisa que vai chamar as ministras da Segurança Social e da Saúde ao Parlamento por causa do surto.
Porém, o dia iria terminar com um desmentido. E, às redações, chegou uma nota informativa do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde é garantido que a citação da ministra Ana Mendes Godinho ("dimensão dos surtos nos lares não é demasiado grande") que o Expresso utilizou como título foi "descontextualizada de forma grave". A resposta na sua totalidade, de acordo com o comunicado, foi a seguinte:
"Tivemos 365 surtos [em abril] e temos 69 agora! Claramente, temos menos incidência. Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afectadas pela doença! A dimensão não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, que isto não significa que não devamos estar preocupados e mobilizados para reforçar a guarda."
Ora, a subversão do contexto da frase que fez o título da peça é, segundo a nota, um "acto grave e que, como tal, deve ser desmentido". Isto porque a citação dá a entender que o Governo não está a dar importância ao assunto, o que o ministério refuta.
Em resposta, o Expresso não só não desmentiu conforme era pretendido pelo Ministério, como até revelou o áudio da entrevista. E, em jeito de "Direito de Resposta" ao comunicado da sua própria entrevista, enfatiza que "repudia" a acusação de que é alvo. Mais, salienta que "a ministra não só não considera graves as mortes nos lares como as relativiza". Pode ler e ouvir a resposta do semanário aqui.
Domingo, 16 de agosto
O tema é complexo e continuou este domingo. À TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos, é da opinião de que a entrevista revela uma "enorme insensibilidade" por não ter lido o relatório sobre o lar. "É no mínimo estranho e de uma enorme insensibilidade a ministra não ter perdido 15 ou 20 minutos para ler a auditoria que a Ordem dos Médicos fez. Competia-lhe ler o documento", afirmou Miguel Guimarães.
Depois do Bastonário, o PSD voltou à carga. Em comunicado, o partido social-democrata fala numa "teia de relações partidárias que se estabelece com a Administração Regional de Saúde e o Centro Distrital da Segurança Social".
"A ocupação generalizada das estruturas da administração local e regional por parte do Partido Socialista é uma prática que atinge no Alentejo uma dimensão insuportável", sublinha ainda o partido.
Por agora, estas são as principais reações e o resumo da situação. Mas não será credível esperar que o tema se esgote neste fim de semana.
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