Edição por Marta Pedreira Mixão
De acordo com o Relatório de Vacinação, publicado esta terça-feira, com base em dados reportados até 5 de setembro, 85% da população (8 759 684) recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 e 78% (7 941 747 pessoas) já se encontra com as duas doses da vacina.
Inicialmente, várias vezes nos foi apresentada a ideia de que os “70%” seriam uma meta a atingir para alcançarmos a imunidade de grupo e recuperarmos alguma normalidade no dia-a-dia, mas, como verificámos, com o novo coronavírus as coisas não são assim tão lineares e este número tornou-se mesmo apenas uma meta. No início deste ano, a revista científica Nature alertava para cinco razões que poderiam impossibilitar a imunidade de grupo: a incerteza sobre a capacidade de as vacinas conseguirem definitivamente e em todos os casos evitar a transmissão do vírus, a dificuldade de produção e distribuição das vacinas por todo o mundo, a resistência à vacinação, o aparecimento de novas variantes (que possam tornar as vacinas ineficazes) e a incerteza sobre a duração da imunidade de cada pessoa vacinada ou que já teve a infeção de forma natural.
Porém, as vacinas são um poderoso aliado para dar resposta à pandemia, contribuindo para que, mesmo que continue a haver infeções, estas tenham consequências menos graves a curto e longo prazo. Por isso, mesmo sem imunidade de grupo, é possível ter um vislumbre de um futuro mais perto da normalidade, ainda que o novo coronavírus continue a circular. E o expectável é que as medidas de prevenção, como a utilização de máscara e o distanciamento social, vão sendo ajustadas progressivamente, à medida que a população vacinada aumenta.
Foi nesse sentido que, na segunda-feira, fonte da bancada parlamentar do PS afirmou que o partido não vai propor no parlamento a renovação da obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços públicos exteriores, cuja vigência termina no próximo dia 12, uma posição que disse ser coincidente com a da Direção-Geral da Saúde. Em declarações à TSF, também o presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Adão Silva, afirmou que só um agravamento súbito da pandemia de covid-19 nos próximos dias impediria os sociais-democratas de defender o fim das máscaras na rua.
A Direção-Geral da Saúde, contudo, continua a recomendar o uso de máscara em algumas situações. “A transmissão indireta do vírus é por acumulação de aerossóis e obviamente essa via é muito menos eficaz no exterior do que no interior. De qualquer maneira a recomendação vai no sentido de que em aglomerados e em contextos especiais” a máscara deve ser utilizada, disse hoje a diretora-geral, Graça Freitas, numa audição no parlamento, dando ainda como exemplos em que se justifica o uso da máscara o recreio nas escolas, eventos e situações de mobilidade em "cidades em que há aglomerados populacionais".
"Isso, obviamente, poderá constituir uma exceção, uma recomendação diferente, porque permite o contacto direto e próximo entre pessoas e, portanto, permite a transmissão” do vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19.
Neste sentido, a diretora-geral da Saúde referiu que a norma sobre o uso de máscara será atualizada — mas não adiantou quando. E relembrou que “cada um de nós deve, apesar de tudo, continuar a ser portador de uma máscara e em caso de necessidade deve colocá-la".