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Newsletter diária • 24 mai 2022

 
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90 dias de guerra em doze momentos

 
 

Edição por Rita Sousa Vieira

Da declaração de Vladimir Putin ao anúncio das candidaturas de Estocolmo e de Helsínquia para se juntarem à NATO. Os 90 dias de guerra em 12 momentos:

  1. A Europa acordou novamente em guerra. Putin anunciou, a 24 de fevereiro, o início do que chamou de "operação militar especial" com o pretexto de defender as forças separatistas em Dombas e "desmilitarizar" a Ucrânia.
  2. Pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os números foram sempre em crescendo: mais de 6,3 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia. A estes, juntam-se cerca de oito milhões de deslocados internos, o que significa que a guerra desalojou mais de 14 milhões de pessoas.
  3. Zelensky na AR. Volodymyr Zelensky discursou por videochamada na Assembleia da República. A intervenção foi marcada por referências ao 25 de Abril, pela comparação de uma Mariupol destruída a Lisboa e pelo pedido de reflexão aos portugueses porque, no mesmo cenário, "toda a população de Portugal seria obrigada a fugir".
  4. Bucha símbolo do horror. A retirada das tropas russas da zona de Kiev para o Leste do país pôs a descoberto uma realidade que chocou o mundo no início de abril: imagens de corpos nas ruas de Bucha e de valas comuns. Com as denúncias sobre Bucha (a que se seguiram Borodyanka, Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Manhush…), a Rússia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
  5. “Moscovo” ao fundo. De todas as perdas de equipamento de guerra, a mais mediática e mais simbólica terá sido a do cruzador “Moskva” (“Moscovo”), o navio-almirante da Frota do Mar Negro, em 14 de abril. Moscovo atribuiu o desastre a um incêndio inexplicável e Kiev reivindicou ter atingido o cruzador com mísseis Neptuno.
  6. Guterres visita Rússia e Ucrânia. António Guterres foi a Moscovo a 26 de abril, e Putin sentou-o na mesa de seis metros que tem usado para manter os líderes ocidentais à distância. Dois dias depois, em Kiev, visitou locais onde terão ocorrido massacres de civis por forças russas. No meio da destruição, pediu a investigação de eventuais crimes de guerra e emocionou-se ao imaginar as netas a fugir em pânico, para concluir que "nenhuma guerra é aceitável no século XXI". Enquanto estava em Kiev, as forças russas atacaram a cidade e um míssil destruiu um prédio não muito longe do hotel de Guterres, matando uma jornalista ucraniana.
  7. O fim da resistência na muralha de aço. A Rússia anunciou, na passada sexta-feira, que um total de 2.439 militares ucranianos se renderam em Azovstal, uma metalúrgica com mais de 11 quilómetros quadrados que foi o último bastião dos combatentes ucranianos na cidade portuária de Mariupol. Todos os militares que estiveram entrincheirados na siderúrgica estão presos na autoproclamada República Popular de Donetsk, controlada pela Rússia.
  8. Finlândia e Suécia abandonam neutralidade. A 18 de maio, Suécia e Finlândia puseram fim ao seu histórico não-alinhamento e candidataram-se à Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO).A Rússia, com uma fronteira terrestre de 1.340 quilómetros com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia, reagiu com o anúncio da criação de 12 bases na sua fronteira ocidental até ao final do ano.
  9. Costa em Kiev. O primeiro-ministro foi a Kiev, numa visita de um dia à Ucrânia, este sábado, que incluiu uma reunião com Volodymyr Zelensky. Costa manifestou a disponibilidade de Portugal para participar num programa de reconstrução de escolas e jardins de infância da Ucrânia ou patrocinar a reconstrução de uma zona territorial a indicar pelas autoridades ucranianas.
  10. Primeiro condenado por crimes de guerra. As autoridades ucranianas estão a investigar mais de 18.000 suspeitas de crimes de guerra e o Tribunal Penal Internacional mobilizou 42 especialistas para a Ucrânia, a sua maior missão de sempre em termos de efetivos. Esta segunda-feira um soldado russo foi considerado culpado no primeiro julgamento de crimes de guerra realizado na Ucrânia desde o início da invasão russa. Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi condenado a prisão perpétua por matar um civil desarmado.
  11. Sanções.O Ocidente tem adotado sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia e individualmente contra Putin e oligarcas russos, num leque vasto de atividades e áreas, da banca ao desporto. A UE, que recebe um quarto do petróleo e 40% do gás da Rússia, anunciou que recorrerá a abastecimentos alternativos para tornar a Europa independente da energia russa antes de 2030. Um embargo europeu ao petróleo russo é possível “dentro de alguns dias”, disse hoje o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, embora tenha reconhecido que a medida não é ainda consensual.
  12. Guerra de números. Três  meses depois, ninguém sabe quantas pessoas já morreram na guerra. Cada uma das partes anuncia diariamente que infligiu baixas ao inimigo, mas não há qualquer informação independente. A ONU confirmou a morte de quase 4.000 civis, com a ressalva de que o número real deverá ser consideravelmente superior. A propaganda dos números abrange também o equipamento militar, com as duas partes a divulgarem diariamente listas de armamento que afirmam ter destruído.
 
 

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