A Ucrânia contada por um médico português que está em Lviv a ajudar a salvar recém-nascidos
Edição por Tomás Albino Gomes
"A primeira coisa que fizeram quando Ricardo Baptista Leite chegou a Lviv foi instalarem-lhe no telemóvel uma app que toca simultaneamente com as sirenes de rua para avisar que tem de fugir para um abrigo ou que já é seguro sair. "Tocou duas vezes desde que cá estou, há uma semana"".
É assim que começa o artigo da jornalista Isabel Tavares baseado numa entrevista com o médico português, que também pode ser vista em formato vídeo, que está na Ucrânia a convite do governo regional e da Associação dos Ucranianos em Portugal.
A formação de base de Ricardo Baptista Leite é Infecciologia, mas a maternidade, e conseguir donativos para a equipar, é agora o seu foco. Ainda assim, desde que ali está a fazer voluntariado tem rodado por diversos serviços. No dia em que conversou com o SAPO24 começou pela maternidade e pelos cuidados intensivos neonatais, mas passou por mais três serviços: "Estive nas consultas externas, em diversas especialidades, na cirurgia cardiotorácica (cardiologia de intervenção), e fui dar algum apoio na cirurgia geral".
Já viu nascer sete bebés nas catacumbas da maternidade do Hospital Regional de Lviv e há pelo menos 15 grávidas internadas à espera de dar à luz. As estatísticas indicam que ali são feitos cerca de 3 mil partos por ano. "Os cuidados intensivos neonatais, e os pós-intensivos, para onde vai o bebé quando começa a melhorar, têm estado na capacidade máxima. Neste momento não há vagas, se nasce mais uma criança a precisar de cuidados especiais, tem de ser transferida para outro hospital", descreve.
Um relato na primeira pessoa, uma outra forma de olhar para a guerra e para a resistência ucraniana, para ler e ver no SAPO24.