As 200 mil mortes nos EUA: o equivalente a um 11 de Setembro durante 67 dias
Edição por Alexandra Antunes
A 24 de maio, o jornal norte-americano The New York Times ocupou a primeira página com mil nomes e pequenos obituários de vítimas da covid-19 nos Estados Unidos. No total, verificavam-se quase 100 mil mortes no país, patamar atingido apenas três dias depois.
Passaram quase quatro meses e o número dobrou: o novo coronavírus já causou 200 mil mortes nos EUA, a maior potência económica mundial. É o número mais elevado do mundo, somando os dados fornecidos pelas autoridades de saúde estaduais.
Façamos uma comparação: o número de mortos com covid-19 nos EUA é equivalente ao número de vítimas de um ataque como o de 11 de Setembro de 2001, repetido durante 67 dias.
"É completamente incompreensível que tenhamos chegado a este ponto", disse hoje Jennifer Nuzzo, investigadora de saúde pública da Universidade Johns Hopkins, que não escapa à surpresa provocada pelo facto de os relatórios mundiais dizerem que os EUA estavam preparados para lidar com uma pandemia.
A 26 de fevereiro, Donald Trump exibiu páginas do Índice de Segurança de Saúde Global e declarou: "Os Estados Unidos são classificados como o país melhor preparado".
Todavia, os 200 mil podem não corresponder ao número real neste momento: acredita-se que seja muito maior, em parte porque muitas mortes com o novo coronavírus foram provavelmente atribuídas a outras causas, especialmente no início, antes dos testes generalizados.
Mas vamos a contas. Olhando para os dados disponíveis, registam-se cerca de 770 óbitos por dia, em média, e um modelo da Universidade de Washington prevê que o número total de mortes nos EUA duplicará para 400 mil, até ao final do ano, à medida que as escolas reabrem e chega o frio.
O número reflete a posição nada invejável da América, que se tem mantido, há cinco meses, como líder mundial em número absoluto de infeções confirmadas, num país que tem menos de 5% da população mundial, mas mais de 20% das mortes relatadas.
Anthony Fauci, o principal conselheiro da Casa Branca para a pandemia, reconheceu já que "a ideia de 200.000 mortes é realmente muito preocupante, em alguns aspetos impressionante".
Com isto, a pergunta que se impõe é apenas uma: onde anda a vacina tão aguardada? Os especialistas dizem que, contrariando as palavras de Donald Trump, não é provável que esta esteja disponível antes de 2021.
Pelo meio da pandemia, as palavras de Trump vão-se espalhando e ajudam a fazer o retrato do país. No início, o presidente norte-americano minimizou a ameaça: anunciou noções infundadas sobre o comportamento do vírus, promoveu tratamentos não comprovados ou perigosos, reclamou que os EUA estavam a fazer demasiados testes e transformou o tema das máscaras de proteção numa questão política.
Hoje, Donald Trump exortou as Nações Unidas a pedirem responsabilidades à China. Na sua intervenção durante o debate geral da 75.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, Trump fez uma dura crítica da atuação da China perante a pandemia, acusando o país asiático, com quem está envolvido em várias frentes de conflito, de não ter alertado para os riscos reais da propagação do novo coronavírus e de ter "ocultado factos relevantes" sobre a crise sanitária.
O presidente norte-americano incitou ainda as Nações Unidas a sancionarem a China pela sua atuação durante a pandemia, antes de lançar vários outros ataques a Pequim, nomeadamente na área ambiental, acusando o Governo chinês de ser o principal poluidor dos oceanos, depositando muitas toneladas de plástico nas águas.
A 10 de abril, o Presidente previu que os EUA não chegariam às 100 mil mortes, mas esse número foi atingido a 27 de maio. Chegámos a 22 de setembro e registam-se 200 mil óbitos. Sabemos que uma pequena parte dos nomes das vítimas de um vírus invisível já ocuparam a primeira página de um jornal. Todas somadas, quando tudo passar, quantas páginas ocuparão?
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