O que está a acontecer no Brasil?
Este domingo, centenas de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), sedes do poder legislativo, executivo e judiciário do Brasil.
Os manifestantes — muitos dos quais estavam acampados há semanas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília — começaram por se concentrar em frente ao Ministério da Justiça. Avançando pela Praça dos Três Poderes este domingo, invadiram o Congresso, conseguiram entrar no Palácio do Planalto e o alvo final foi Supremo Tribunal Federal, relata a Folha.
Pelo caminho, os manifestantes deixaram um rasto de destruição: vidros partidos, móveis atirados para o exterior, computadores e outros monitores atirados ao chão, um brasão da República foi retirado das paredes do STF, o quadro "As Mulatas", do pintor Di Cavalcanti, foi rasgado e a escultura "A Justiça", feita em 1961 pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti, foi pintada, apenas para citar o já listado pelos meios de comunicação social. Foram ainda roubados documentos, além de armas e munições que estavam nos gabinetes de segurança destas instituições.
No total, pelo menos 300 simpatizantes de Bolsonaro foram presos por invadir e destruir as três sedes, numa alegada tentativa de derrubar o Governo. Foram ainda apreendidos 40 autocarros e identificados "os seus financiadores". Centenas de autocarros vieram de todas as partes do país, este fim de semana, para Brasília, e em muitos deles as pessoas não tiveram de pagar a viagem.
O que diz Bolsonaro?
Já a polícia tinha retomado o controlo da Praça dos Três Poderes este domingo quando Bolsonaro reagiu no Twitter dizendo que "repudia as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil. Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade. Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra", escreveu.
E Lula da Silva?
O recém empossado presidente considerou este incidente uma “barbárie”, levada a cabo por “fascistas fanáticos”. Para Lula da Silva, que assistiu a estes incidentes a partir de Araraquara, São Paulo, onde estava para avaliar os estragos provocados pelo mau tempo, não há dúvidas sobre o grande responsável por esta invasão: Jair Bolsonaro.
Com palavras muito duras, referiu-se ao ex-presidente brasileiro como um "genocida" que "não só provocou isso, não só estimulou isso, como, quem sabe, está estimulando ainda pelas redes sociais também”. Ainda assim Lula foi o primeiro a apontar a existência óbvia de "falhas na segurança" e prometeu que todas as pessoas envolvidas serão "encontradas e punidas".
O presidente brasileiro decretou entretanto a intervenção federal na área de Segurança Pública de Brasília. A par, relata a Folha, o Exército colocou tropas em Brasília em estado de prontidão para o caso de ser acionado um decreto Garantia da Lei e da Ordem. Segundo o jornal, cerca de 2.500 militares estão aquartelados em Brasília.
O que mais pode acontecer?
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou hoje para possíveis ataques às refinarias da petrolífera brasileira Petrobras, na sequência das invasões às sedes dos três poderes em Brasília por parte de simpatizantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Os apoiantes de Bolsonaro estarão a mobilizar, através das redes socais, ataques às refinarias da Petrobras em todo o país.
“Estes possíveis atos podem colocar em risco os ativos da Petrobras, a integridade física dos trabalhadores destas unidades assim como o entorno destes ativos e comprometer o fornecimento de combustíveis para a população”, alerta a FUP.
“Neste sentido entendemos ser fundamental que a empresa se prepare e acione todos os meios necessários para garantir a segurança dos trabalhadores e das unidades produtivas da empresa e o abastecimento dos mercados”, acrescentou, lembrando a circulação de mensagens nas redes sociais em que manifestantes indicam que querem impedir o fornecimento de combustíveis à população.
Atualidade
Centenas de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram este domingo o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Acompanhe aqui ao minuto.