Precisamos de falar sobre o seu filho e telemóvel
Edição por Ana Maria Pimentel
Chegámos aquela altura do ano em que se vive um limbo de que só as crianças gostam: as férias já acabaram, mas ainda não há escola. E se quando me lembro deste tempo, me vem imediatamente à memória o reencontro com os meus amigos, as tardes longas a brincar e a imaginar como iria ser mais um ano, enquanto se cheiravam os manuais e olhava para os cadernos em branco. Sei que hoje esta memória parece de uma realidade distante, onde as crianças ainda brincavam sozinhas na rua e usavam os telefones fixos com parcimónia para planear as suas tardes de brincadeira. No limite, num dia mais escuro e com ameaça de chuva via-se uma cassete, ou, mais tarde, um DVD.
Agora os pais, tal como na altura, já regressaram ao trabalho mas não podem deixar os filhos entregues às brincadeiras na rua, ou muitas vezes não os deixam, inclusive, brincar nas casas uns dos outros. Estando as crianças não entregues à sua sorte, mas à sorte de um algorítmo.
E isto pode ser um problema.
Tanto que o exagero de tempo que as crianças passam agarradas aos telemóveis - ignorando que o mundo continua a girar à sua volta - fez com que hoje as autoridades suecas publicassem novas recomendações acerca do tempo que os mais novos devem usar os ecrãs. E há surpresas: até aos dois anos nem pensar e na adolescência, no máximo, duas a três horas por dia. Mas há mais recomendações para outras faixas etárias.
Também, em Portugal, o movimento 'Menos Ecrãs, Mais Vida' defendeu hoje a proibição dos telemóveis nas escolas e o fim imediato dos manuais digitais numa reunião no Ministério da Educação que vai manter a decisão nas mãos dos estabelecimentos de ensino.
E é claro que este género de movimentos veio para ficar. Em Espanha, em França, no Reino Unido – e também em Portugal – multiplicam-se grupos de pais que pedem que os telemóveis sejam banidos das escolas. Há quem vá mais longe e queira mesmo que este tipo de equipamento não seja de todo usado por crianças.
Ainda não há muito tempo o SAPO24 questionava se "o aumento de doenças mentais é uma consequência de mais tempo passado entre ecrãs e menos noutras atividades ou estamos apenas a assistir a uma evolução na forma como crianças e jovens crescem, mas sem que deva existir alarme com o uso excessivo da tecnologia?" Uma discussão alargada a pais, professores e sociedade em geral, e que a Rute Sousa Vasco ajudou a navegar com a análise de dois livros publicados em 2024 que apresentam perspectivas diferentes.
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