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Newsletter diária • 05 ago 2022

 
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Quando se está debaixo de fogo, todos os caminhos vão dar a Roma

 
 

Edição por António Moura dos Santos

Há muito sob suspeita de ter sido responsável por crimes de natureza sexual do que deixava revelar, a Igreja Católica portuguesa foi atingida por um enorme abalo devido às denúncias veiculadas ao longo desta semana.

As atenções já estavam viradas para este tema, fruto do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa — que já recebeu mais de 300 denúncias —, mas o destapar de casos de ocultação de abusos propulsionou o mediatismo.

Primeiro, foi a notícia avançada pelo Observador de que o atual cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, “teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania”.

O caso, remetente a 1999, passou incólume e o sacerdote em causa continuou em atividade. A atuação do patriarca “contraria (…) as atuais normas internas da Igreja Católica para este tipo de situações, que determinam a comunicação às autoridades civis de todos os casos”, sendo que “o nome deste sacerdote é também um dos sete que já se encontram nas mãos da Polícia Judiciária para serem investigados”.

Em resposta, Clemente defendeu que apenas não remeteu a queixa para a Comissão Diocesana porque o caso é anterior “às regras e recomendações de 16 de julho de 2020”, alegando também que ”em relação ao sacerdote em causa, o mesmo foi acompanhado e até à atualidade nunca houve qualquer denúncia ou reparo sobre o seu comportamento moral. Nunca ninguém comunicou, nem sob anonimato, qualquer acusação”.

Se o tema parecia perder fulgor à medida que o fim de semana se aproximava, nesta manhã de sexta-feira o Expresso certificou-se que tal não aconteceria. De acordo com uma investigação do semanário, tanto o bispo da Guarda, Manuel Felício, como o bispo emérito de Setúbal, Gilberto Reis, são também suspeitos de encobrimento a casos de abuso sexual.

O primeiro terá encoberto os crimes do padre Luís Mendes, vice-reitor do seminário do Fundão, sujeito a queixas dos pais de 17 menores. Mendes acabou condenado, mas a PJ desconfia que Manuel Felícia terá tentado evitar esse desfecho. Já no segundo caso, o bispo Gilberto Reis terá recebido queixas contra um padre que se encontra ainda no ativo, averiguando o caso internamente, mas sem fazer uma participação ao Ministério Público.

O Expresso noticiou também que um pároco sob anonimato denunciou 12 sacerdotes suspeitos de assediar ou abusar menores, sendo que cerca de metade dos padres visados nesta denúncia ainda se encontram no ativo.

Coincidentemente, foi também hoje que Manuel Clemente se deslocou ao Vaticano para uma audiência privada com o Papa Francisco. “O encontro, pedido pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal”, anunciou o Patriarcado de Lisboa.

Já Marcelo Rebelo de Sousa, que numa primeira fase disse não ver razões para que as figuras eclesiásticas tivessem "querido ocultar da justiça" estes crimes, endureceu hoje o discurso.

“É preciso levar a investigação até ao fim, demore o tempo que demorar, independentemente do número de casos que houver e daí retirarem as ilações. Acho que a comunidade portuguesa e as várias instituições, no caso também da Igreja Católica, devem retirar as conclusões desse procedimento do passado”, apontou hoje o Presidente da República.

 
 
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