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Newsletter diária • 17 out 2022

 
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Reino Unido dá meia-volta e Liz Truss está cada vez mais na corda-bamba

 
 

Edição por António Moura dos Santos

Excluindo o período de luto provocado pela morte de Isabel II, não tem praticamente havido nenhum dia em que Liz Truss não tenha sido posta à prova desde que sucedeu a Boris Johnson à frente do governo do Reino Unido.

Forçada a demitir Kwasi Kwarteng da pasta das Finanças apenas um mês após tomar posse, a primeira-ministra viu hoje o seu novo ministro a, essencialmente, desmantelar todo o mini-orçamento por si avalizado.

Num comunicado transmitido nas televisões britânicas, Jeremy Hunt revelou que vai reverter "quase todos" os cortes de impostos anunciados pelo seu antecessor e reduzir o apoio às contas de energia no Reino Unido.

Eis as principais medidas anunciadas:

  • Ausência de cortes nas taxas de impostos sobre dividendos;
  • Compras isentas de IVA para turistas;
  • O imposto sobre o álcool muda;
  • Taxa básica de imposto de 20% permanecerá indefinidamente;
  • Imposto de renda permanecerá em 20%, não reduzirá para 19% a partir de abril de 2023;
  • Garantia do preço da energia apenas até abril de 2023.

É uma total e completa volta de 180 graus face ao pendor extremamente liberalizante das medidas de Kwarteng, o chamado “Plano de Crescimento”, apresentado em 23 de setembro pelo agora ex-ministro no parlamento.

O plano cumpria alguns cortes fiscais prometidos por Truss durante a campanha eleitoral para a liderança dos ‘tories’, juntamente com medidas para congelar os preços da energia, mas a falta de medidas para equilibrar as contas públicas foi mal recebida pelos mercados financeiros — e caiu particularmente mal o projeto de abolição do escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos, aplicado a ganhos superiores a 150.000 libras (172.000 euros) por ano.

Nos dias seguintes a este faux-pas, a libra desvalorizou acentuadamente e os juros sobre a dívida britânica subiram, bem como as taxas de juro para o crédito à habitação, forçando o Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o que ajudou a estabilizar a libra e a dívida.

Truss conseguiu com este plano um feito quase inédito: ter toda a gente, desde a oposição até a deputados do seu próprio partido, passando pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) as agências Fitch e Standard and Poor’s e parceiros estratégicos como os EUA, a reagir negativamente.

A primeira-ministra está agora a colher os frutos do que plantou. O facto de ter disputado uma corrida à liderança dos Conservadores particularmente apertada com Rishi Sunak já a colocava numa posição precária de gerir um partido dividido; agora, com a sua área política 25 pontos atrás do Partido Trabalhista, as críticas dos seus rivais internos estão a tornar-se ensurdecedoras. O facto de ter escolhido Hunt é um sinal da sua fraqueza, já que o ministro faz parte da fação oposta à sua.

Tem sido adiantado que a rebelião interna contra a líder já envolve dezenas de membros do seu partido, mas hoje foi a primeira vez que um deputado pediu publicamente a demissão de Truss.

“O jogo acabou para ela. Agora é sobre [decidir] como a sua sucessão é gerida”, disse o deputado conservador veterano Crispin Blunt em declarações avançadas pela televisão “Channel 4”, parte de uma entrevista que será transmitida esta noite.

Na entrevista, afirmou que “se houver uma opinião alargada dentro do grupo parlamentar de que deve haver um substituto, isso será feito”. O deputado referiu que não sabe como será levado a cabo ou por que mecanismo Truss poderá ser afastada de Downing Street, a residência oficial e gabinete dos chefes de Governo no Reino Unido, mas reiterou que, se for esse o desejo do partido, é algo que vai acontecer de qualquer maneira.

O jornal “The Guardian” noticiou que os líderes conservadores vão reunir-se na segunda-feira para abordar uma “missão de resgate” que implicaria a saída de Truss. Entre os potenciais sucessores a serem considerados estão os do antigo ministro das Finanças e seu rival na campanha, Rishi Sunak, ou o atual chefe da Defesa, Ben Wallace, considerado uma figura consensual dentro do partido.

Em reação a tudo isto, Truss defendeu hoje a decisão de cancelar os cortes fiscais com a necessidade de "estabilidade" e um "novo rumo para o crescimento" económico. “O povo britânico quer, com razão, estabilidade, razão pela qual estamos a responder aos sérios desafios que enfrentamos devido ao agravamento das condições económicas”, disse, através da rede social Twitter.

É uma tentativa de salvar a face — resta saber se salvará a sua carreira política.

 
 
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