Urgências. Um tema “sensível” e sem solução para já
Edição de António Moura dos Santos
Foi o próprio secretário de Estado Adjunto e da Saúde que o disse: Os serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia têm vindo a sofrer insuficiências de norte a sul do país desde junho e, até ao início de agosto, a situação ainda não foi resolvida.
“Neste momento, infelizmente não temos as escalas de agosto todas preenchidas, mas não vamos desistir de encontrar as melhores soluções para que se continue a nascer bem”, admitiu António Lacerda Sales em conferência de imprensa organizada no final da manhã.
O sinal político hoje dado é que tais problemas apenas terão uma solução efetiva no final de setembro, tendo o seu anúncio sido a razão da conferência de imprensa chefiada por Lacerda Sales, secundado pelo coordenador da comissão de acompanhamento, Diogo Ayres de Campos, e pela secretária de Estado da Saúde, Maria de Fátima Fonseca.
A solução imediata passava pela concentração de serviços, mas tal não é possível “do ponto de vista legal”, admitiu Ayres de Campos. “A concentração de recursos só será possível dentro do quadro da rede referenciação (…), o que ocorrerá apenas depois dos meses de verão”, afirmou. Ou seja, esta proposta de revisão da rede de referenciação será entregue ao Governo apenas no final de setembro.
Estas redes de referenciação hospitalar, que existem para várias especialidades, servem para regular as relações de complementaridade e apoio técnico entre os estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde para garantir o acesso de todos os doentes aos serviços e às unidades prestadoras de cuidados de saúde.
Como é que esta concentração decorrerá? Possivelmente com o encerramento de algumas maternidades, conforme admitiu Ayres de Campos neste fim de semana, em entrevista à TSF e ao JN.
“Temos, de facto, que considerar a possibilidade de encerrar algumas maternidades. Em primeiro lugar, nós não conseguimos formar, nem atrair médicos obstetras e ginecologistas, em tempo útil, para acudir a alguns problemas”, afirmou o também diretor do serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Santa Maria.
A acontecer, o encerramento de unidades de saúde nunca poderá afetar maternidades “que estão muito distanciadas”, como a de Bragança, Abrantes ou Portalegre, considerando Ayres de Campos que “são essenciais” para manter a população local.
Já questionado sobre este tema durante a conferência de imprensa de hoje, Lacerda Sales foi evasivo, dizendo que “quer a concentração de recursos, quer um eventual encerramento de maternidades é um tema que exige muita ponderação. É um trabalho que tem de ser muito ponderado e analisado. É um tema sensível”.
“Aguardamos a apresentação das propostas finais [da comissão] e o Governo cá estará para tomar as decisões politicas necessárias, sempre suportadas em decisões técnicas”, afirmou.
Opinião
É o homem mais rico do mundo, considerando que tudo o que a Arábia Saudita possui é como se fosse dele, e é também um déspota com poderes ilimitados sobre os seus súbditos. Caiu em desgraça no Ocidente depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi na embaixada da Arábia Saudita em Istambul, mas a invasão da Ucrânia e a necessidade de mais petróleo reabriram-lhe as portas das democracias ocidentais.