França continua a dominar a agenda informativa e, apesar da noite de sábado ter sido mais calma que as duas anteriores, a madrugada terminou com a notícia de um ataque à casa do autarca francês de  L'Haÿ les Roses, uma pequena localidade nos subúrbios de Paris.

O autarca propriamente dito, Vincent Jeanbrun estava na câmara a coordenar a resposta aos distúrbios, mas a mulher e os filhos estavam em casa quando um carro embateu e depois se incendiou.

Serão feitas investigações, mas a primeira observação do Ministério Público aponta para um ato deliberado de violência. O incidente ou ataque uniu pessoas de toda a França que pensaram, justamente, que podia ser a casa delas, e uniu autarcas de todo o país, uns mais afetados do que outros pelos tumultos e pilhagens, numa manifestação que terá lugar esta segunda-feira, ao meio-dia.

É conhecido o caldeirão cultural de França, os problemas de integração, o fracasso das políticas sociais nos bairros que rodeiam as periferias. Os tumultos dos últimos dias juntam um dado que não sendo exatamente novo, tem mesmo de obrigar a pensar e a fazer diferente: 30% das mais de 2000 pessoas detidas nos últimos dias têm entre 13 e 18 anos. São quase crianças, ou mesmo crianças.

E são estes miúdos que se juntam através de convocatórias nas redes sociais e saem para a rua em bandos de pouco mais de uma dezena, armados com o seu telemóvel, em direto para o mundo. Como se estivessem num videojogo, como se destruir e assaltar lojas, edifícios, escolas fosse apenas mais um desafio, convencidos que estão que os vilões são os outros e esta é a sua forma de serem heróis.

À raiva real – pelo que não têm, pelo que não podem, pelo que não sabem – junta-se uma espécie de irrealidade de uma geração que não conheceu a vida sem a internet, um espaço que se habituaram a ver como mais real e possível do que o bairro degradado, a família tantas vezes em rotura e a escola a que muitos nem vão.

É tudo isto que o Francisco Sena Santos nos explica no artigo que hoje publicámos no SAPO24. Se tiverem de escolher apenas uma coisa para ler sobre o que se passa em França, escolham-no a ele e vão dar o tempo por bem empregue.