França vive uma onda de violência desde a publicação do vídeo da morte de Nahel, um jovem  de 17 anos que foi morto por um polícia após não ter parado num controlo de tráfego, na terça-feira, em Nanterre, perto de Paris.

A raiva transformou-se em distúrbios na França e em indignação além das suas fronteiras, especialmente na Argélia, país de origem da família de Nahel.

Um dos incidentes mais graves ocorreu na madrugada deste domingo, numa pequena localidade nos subúrbios de Paris, L'Haÿ les Roses, onde um carro embateu contra a casa do presidente da câmara local, tendo se incendiado de seguida.

Dentro da casa estavam a mulher e os dois filhos menores que ficaram ligeiramente feridos, enquanto relatou o próprio autarca, Vincent Jeanbrun, eleito pelo partido Os Republicanos, que se encontrava na câmara a coordenar a resposta aos distúrbios. Nas suas palavras, o incidente foi uma "tentativa de assassinato".

De acordo com o Ministério Público, os primeiros indícios são de que "o veículo foi lançado com a intenção de incendiar a casa".

Elisabeth Borne em L'Haÿ les Roses
French Prime Minister Elisabeth Borne addresses journalists in front of the Mayor of L'Hay-les-Roses, Vincent Jeanbrun (L), after rioters rammed a vehicle into his house overnight, in L'Hay-les-Roses, south of Paris on July 2, 2023. The attack, which injured the Mayor's wife and one of his children, occured in a fifth night of rioting sparked by the police killing of a 17-year-old, as police deployed reinforcements to flashpoint cities around the country. Prime Minister called the attack "intolerable", while prosecutors said they were treating it as attempted murder. (Photo by CHARLY TRIBALLEAU / POOL / AFP) créditos: AFP or licensors

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, classificou o ataque como "intolerável" e deslocou-se até L'Haÿ les Roses. Foi a partir da localidade que afirmou que o governo "não irá permitir qualquer tipo de violência".

A Associação de Autarcas de França convocou já este domingo uma concentração para segunda-feira ao meio-dia, mobilizando manifestações em frente das câmaras municipais de todo o país. Segundo o presidente da associação, David Lisnard, desde terça-feira "150 câmaras ou prédios municipais foram atacados".

O Ministério do Interior anunciou um total de 719 detenções em todo o país na madrugada de domingo, principalmente por porte de objetos que podem ser usados como armas ou projéteis. Na madrugada de sábado, esse número chegou a 1.300 detidos, o mais alto desde terça-feira.

De acordo com balanço divulgado pelo ministério, cerca de 45 polícias e gendarmes ficaram feridos, 577 veículos e 74 edifícios foram incendiados, e 871 incêndios, registados em vias públicas.

Em Marselha, na avenida Canebière, um elevado número de polícias, com apoio de unidades de elite, conseguiu dispersar os grupos de jovens que, na véspera, causaram o caos.

Em Paris, a polícia mobilizou um importante dispositivo nos Champs Elysées, onde as vitrines foram protegidas com tábuas de madeira.

Na tentativa de conter a espiral de violência, várias cidades francesas impuseram recolher obrigatório  e proibiram a circulação de  transportes públicos a partir das 21h00.