O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, iniciou hoje a campanha eleitoral para as autárquicas de 01 de outubro em defesa dos autarcas e do trabalho desenvolvido localmente, contrariando a ideia expressa na véspera pela coordenadora do BE, Catarina Martins.

"Aos que por ignorância ou verbalismo atiram pedras para o ar, podemos assegurar que os eleitos da CDU nunca faltaram, em maioria ou minoria, à defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações", afirmou Jerónimo de Sousa.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, mostrara-se na segunda-feira "absolutamente chocada" com o "silêncio cúmplice" da generalidade das autarquias enquanto eram destruídos os serviços públicos, garantindo que os bloquistas concorrem às eleições locais também para mudar esta realidade.

Jerónimo acusa Catarina Martins de ignorância sobre trabalho dos eleitos da CDU
Jerónimo acusa Catarina Martins de ignorância sobre trabalho dos eleitos da CDU
Ver artigo

Jerónimo de Sousa, elogiando a tradição de "trabalho, honestidade e competência" dos responsáveis locais eleitos pela CDU, afirmou ainda que "o pior cego é o que não quer ver" em relação a "esses concorrentes" que "vêm atacar as autarquias".

O tema levou também o presidente dos Autarcas Social Democratas e candidato do PSD à Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, a dizer que não estranha a posição do BE: “já nos habituámos à esquerda portuguesa, e em particular à esquerda que condiciona a governação de Portugal, protagonizada pela doutora Catarina Martins, a procurar omitir as fragilidades da sua co-governação atacando os outros partidos.”

Outro assunto que motivou reações foi a proposta do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que, em campanha no Minho, disse que o partido pondera pedir, no parlamento, a alteração legislativa das mudanças introduzidas na lei da imigração, de forma a torná-la "menos arriscada" para o país.

O Diário de Notícias revelou hoje que disparou o número de imigrantes a requerer ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras autorização de residência em Portugal, de acordo com o novo regime que abriu mais possibilidades de legalização.

"Eu chamei a atenção para os riscos que estas alterações introduzidas nas leis da imigração podiam trazer para o país em termos de segurança", recordou, lembrando que foi criticado pela "generalidade dos partidos que apoiam o Governo".

Para o líder social-democrata, "os dados que hoje vêm a público indicam que poderá estar a registar-se um efeito de chamada com essas alterações e esses efeitos de chamada são arriscados".

A posição de Passos Coelho mereceu uma resposta por parte do primeiro-ministro e líder socialista.

António Costa disse em Nova Iorque aos jornalistas que a única explicação "bondosa" que encontra para as críticas do presidente do PSD à lei da imigração é a de que "está mal informado" e afastado da linha tradicional dos sociais-democratas.

De acordo com António Costa, a posição de Passos Coelho não corresponde igualmente "à posição claramente dominante entre as pessoas do PSD que têm tratado sempre do tema da imigração".

A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, falou também das críticas do presidente do PSD à lei da imigração, que ouviu com "perplexidade".

No primeiro dia de campanha, na Maia, a coordenadora do BE optou por pedir os "valores concretos do alívio fiscal" que será consagrado no Orçamento para 2018, mostrando-se satisfeita por o Governo concordar que o esforço se deve concentrar nas famílias mais penalizadas pelo anterior executivo.

Na segunda-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse pretender que a folga orçamental existente para mexer nos escalões do IRS seja totalmente usada para os contribuintes de rendimentos mais baixos, ideia que a líder do BE, Catarina Martins, tinha defendido de manhã.