"Quem olha para a estratégia de desenvolvimento dos investimentos públicos em matéria de desenvolvimento do metro do Porto e o confronta com iguais preocupações no metro de Lisboa, a ideia que dá é que as preocupações e o foco estão muitos mais voltados para norte do que para sul", afirmou o deputado bloquista Heitor de Sousa.

Numa pergunta a Matos Fernandes durante a interpelação ao Governo no parlamento marcada pelo PCP, Heitor de Sousa disse que essa maior predisposição do ministro do Ambiente para "responder aos problemas do transporte de passageiros na área do metro do Porto do que em Lisboa", é, "provavelmente, um problema já de origem e que dificilmente se consegue resolver".

"O Governo tem estudos que confirmam a possibilidade e a viabilidade de uma linha circular do metro do Porto, através da construção de um troço entre São Bento e a Casa da Música, que depois dará origem a uma linha circular? Tem o mesmo tipo de estudos de viabilidade e de fiabilidade para o desenvolvimento de uma linha circular no metro de Lisboa?", questionou.

Heitor de Sousa defendeu que "a escala é completamente diferente" e que o metro do Porto "transportou, em 2015, 60 milhões de passageiros e o metro de Lisboa transportou em 2017 160 milhões de passageiros", sendo que "as linhas circulares no modo de transporte pesado são as que respondem a grandes fluxos de procura quando as transferências entre linhas são significativas".

O ministro do Ambiente respondeu que "não está prevista a construção de nenhuma linha circular no Porto", apontando para o erro de projetar a injeção dos comboios na linha de Campo Alegre a partir de São Bento.

"A linha do Campo Alegre tem de ter os seus comboios injetados a partir da Casa da Música e a linha rosa, que liga São Bento à Casa da Música, é uma linha que só por si faz sentido, até porque serve dois hospitais, o Hospital de Santo António e o Centro Materno-Infantil", sustentou Matos Fernandes.

"Se me pergunta, acho que sim, que faz sentido prolongar essa linha para nascente até ao Marquês e até à Avenida dos Combatentes, faz todo o sentido, mas não se trata de uma linha circular ao longo da Constituição", acrescentou.

O ministro sublinhou que, "com certeza que existem todos os estudos de procura e todos os estudos de rentabilidade que justificam quer as opções tomadas para o metro do Porto, quer as opções tomadas para o metro de Lisboa".

Relativamente a Lisboa, o ministro do Ambiente respondeu que "no cotejo direto de entre as duas estações de prolongamento da linha vermelha até Campo de Ourique e a estação de Santos e da Estrela, a estação da Estrela tem muitos mais passageiros do que as outras duas".

"O que é mais difícil numa rede de transportes coletivos é ser capaz de aproximar a oferta da procura e sendo, com certeza, a maior parte da procura no coração de Lisboa, é aí que temos de ter uma linha distribuidora com uma maior capacidade. Só a partir daí pode ser pensada a expansão do metro para fora da cidade de Lisboa", argumentou.