Mahjoubi tem 33 anos e é o responsável por supervisionar a inovação tecnológica e a economia digital no novo governo de Macron. Além disso, está a fazer campanha para ter um lugar nas próximas eleições legislativas, a 11 e 18 de junho. O principal rival de Mahjoubi no seu distrito do norte de Paris é o chefe do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis, e o contraste entre os dois homens é impressionante, diz a France 24.

Cambadélis é político de carreira, enquanto Mahjoubi começou a trabalhar aos 16 anos como técnico de Internet, nunca tendo sido candidato a cargos públicos.

Filho de imigrantes marroquinos, Mahjoubi traz um novo debate a estas eleições: deve apostar-se em políticos experientes ou numa nova geração?

Afirmando não estar em campanha contra o Partido Socialista, Mounir Mahjoubi referiu em entrevista à France 24 que é importante procurar "coisas novas, caras e ideias frescas".

Afirmar as origens e singrar na vida

Mahjoubi não tem problemas em recordar os seus anos de infância no 12º distrito de Paris, as petições da sua família para habitação social de baixa renda e as longas filas na esquadra da polícia para cartões de residência. O seu pai trabalhou como pintor de construção e a mãe era empregada de limpeza. "Nunca te podes esquecer de onde vens", afirma. Com isto, tem uma forte ferramenta para captar atenções e votos, uma vez que dá voz aos problemas de um grande número de pessoas.

Depois de completar os seus estudos, este "geek dos computadores" entrou no mundo das start-up de tecnologias da informação. A sua principal conquista empresarial até o momento é a La ruche qui dit oui!. uma aplicação que promove negócios de pequenas quintas, permitindo que os consumidores comprem diretamente aos agricultores franceses.

Quanto à política, os primeiros passos foram dados em 2002. Aos 18 anos, tornou-se membro do Partido Socialista e, em 2006, criou a campanha online Segosphere, do então candidato presidencial socialista Ségolène Royal. Com a ajuda de Mahjoubi, Royal ganhou as primárias, mas acabou por perder as eleições gerais para o conservador Nicolas Sarkozy.

Em 2011, foi convocado de novo pela liderança socialista para ajudar a estabelecer a presença de François Hollande  na Internet, no período que antecedeu as eleições presidenciais de 2012. Esta corrida terminaria em triunfo e, em janeiro de 2016, Mahjoubi foi recompensado com um emprego no Conselho Digital Francês, um órgão de assessoria do presidente francês em todas as questões relacionadas com as novas tecnologias.

Contudo, 11 meses depois Mahjoubi desistiu e juntou-se a Macron, tornando-se no principal assessor de estratégia digital do então candidato presidencial. Nesta função, destacou-se na polémica relativa aos hackers russos que, alegadamente, tentaram infiltrar-se na campanha de Macron. Mahjoubi ajudou habilmente a proteger as informações confidenciais da equipa nos bastidores.

Macron surpreendeu a França e o mundo, tornando-se o presidente mais novo do país. Com isto, Mahjoubi tornou-se o membro mais novo no gabinete do governo. Mas qual é a sua função? "O meu trabalho como ministro júnior é ter uma visão de longo prazo das coisas e lançar iniciativas. Não estou aqui para gerir, existem administradores para isso. Mas todos os dias há algo novo para decidir, impulsionar, lançar, organizar e influenciar ", referiu.

Uma campanha junto das pessoas

A campanha de Mahjoubi tem dado especial destaque aos habitantes do 19º distrito de Paris, uma vez que pode encontrar pessoas de todas as classes, com diferentes posses, o que lhe dá uma perspetiva real do país.

"Eu gosto de encantar as pessoas, mas com o objetivo de conquistá-las para a minha causa", referiu. "O principal objetivo da minha vida é conquistar as pessoas, para convencê-las de que podemos realizar coisas benéficas para todos. Os meus maiores desapontamentos são quando não consigo convencer os outros ".

As eleições legislativas francesas realizam-se nos dias 11 e 18 de junho.