Christine Ourmières-Widener disse ter tido uma reunião com o ministro das Finanças na véspera da conferência de imprensa onde foi anunciada a exoneração com justa causa, mas que não sabia da decisão. Várias vezes frisou que a decisão não dependia de si.

Relativamente à saída de Alexandra Reis, e às razões por trás, Christine Ourmières-Widener garantiu que não foi uma questão pessoal, foi simplesmente por Alexandra Reis não ter "o perfil necessário" e não se ajustar "com a comissão executiva".

Já para a ex-administradora da companhia aérea, não há dúvidas "que foi a vontade da CEO". "Esta é a minha convicção pessoal, a CEO queria que eu saísse da empresa. Confesso que tenho dúvidas sobre os motivos”, afirmou, garantindo ainda que manteve sempre uma "relação cordial" com todos os seus colegas e comissão executiva, relembrando apenas uma situação de tensão em janeiro do ano passado com o CFO.

Uma das questões muito faladas é perceber se Alexandra Reis se demitiu ou foi demitida. Para Christine Ourmières-Widener, foi feito um acordo, que resultou na renúncia. Alexandra Reis responde, explicando que não tomou "a iniciativa de sair", simplesmente acedeu "a uma solicitação da TAP". Explica que foi-lhe informado pela CEO, numa conversa curta e presencial, onde lhe foi pedida "confidencialidade sobre o assunto".

Polémica é também a afirmação da ex-administradora da TAP de que teria renunciado sem contrapartida se o Governo tivesse dito que era essa a sua preferência. Agora, garante que vai devolver porque não quer "um euro que não seja devido", ainda que seja "altamente discutível" que tenha essa obrigação.

E, aliás, acrescenta que já insistiu pelo menos três vezes junto da companhia aérea para que lhe faça chegar aquela informação", continuando à espera de indicações. “Logo na manhã seguinte à publicação do referido parecer [da IGF], 9 de março, os meus advogados contactaram a TAP”, para averiguar os montantes líquidos a devolver, disse.

O presidente da república também foi trazido para o centro da polémica, com a referência a um voo que Marcelo Rebelo de Sousa terá pedido para alterar. Christine Ourmières-Widener explicou que foi questionada sobre um pedido para alteração de um voo de Maputo, onde viajaria o presidente. A CEO terá pedido opinião ao secretário de Estado das Infraestruturas, deixando clara a sua posição contra a alteração. O governante respondeu frisando a importância de manter Marcelo como "aliado" da TAP.

A presidência comunicou hoje, numa nota escrita, que nunca contactou a TAP nem nenhum membro do Governo para uma mudança de voo. Acrescenta que "se tal aconteceu, terá sido por iniciativa da agência de viagens".

Luís Montenegro, presidente do PSD, acusou o Governo de deixar o Presidente da República numa situação incómoda ao envolver o seu nome nas polémicas da TAP, usando-o como "um peão ao serviço da sua agenda".

A ex-administradora da TAP declarou ainda que não falou sobre a saída da empresa, nem sobre a indemnização, com o ministro das Finanças, Fernando Medina, quando foi convidada para o Governo. Acrescentou que, quanto ao secretário de Estado, Miguel Cruz, pareceu-lhe "muito surpreendido" com a sua saída, ao contrário de Hugo Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas.

Ainda houve tempo para Alexandra Reis assumir que a proposta inicial para sair da empresa era "muito expressiva", embora sublinhando que as responsabilidades também o eram, referindo que "não houve justa causa". E fala também de "novos quadros" contratados para a companhia aérea, com melhores condições, que "não escondiam" proximidade à presidente executiva, alguns dos quais de nacionalidade francesa.

*Com Lusa