Os planos variam, consoante o grau de dependência de cada país do gás russo, e incluem medidas que vão desde montras desligadas durante a noite até ao aumento da temperatura do ar condicionado durante o verão.

Em Portugal, o plano de poupança energética deverá ser conhecido no final de agosto.

Espanha

Espanha avançou no início do mês de agosto com "medidas urgentes" para poupar eletricidade, que só em setembro irão ao parlamento.

As medidas estão em vigor desde 10 de agosto e foram aprovadas num Conselho de Ministros uma semana antes, através de um "real decreto-lei", um diploma que após promulgação tem força imediata de lei, sem necessidade de passar previamente pelo crivo do Congresso (parlamento).

No caso de Espanha, pouco dependente, como Portugal, do gás russo (representou 9% das importações espanholas de gás em 2021), o compromisso é poupar 7%. Para isso, o Governo avançou com um "plano de choque de poupança e eficiência energética na climatização", que ficará em vigor até 1 de novembro de 2023 e que prevê que em espaços da administração pública, comerciais e culturais o ar condicionado esteja, no mínimo, a 27 graus e, quando chegar o inverno, os aquecimentos não subam acima de 19 graus.

As montras têm de estar sem iluminação a partir das 22:00 e até 30 de setembro os espaços abrangidos por estas regras com entrada direta a partir da rua têm de ter sistemas que impeçam que as portas estejam abertas em permanência.

Há exceções para espaços como hospitais, ginásios, cabeleireiros ou cozinhas de restaurantes, ao abrigo da legislação espanhola relativa à segurança e saúde nos locais de trabalho e a atividades com regulamentos específicos.

As normas foram conhecidas sete dias antes de entrarem em vigor e houve pouco tempo para prestar informação ao comércio, hotelaria e restauração, queixaram-se as associações empresariais, que pedem agora, essencialmente, ajudas para os donos de lojas, bares e restaurantes obrigados a instalar sistemas de portas de fecho automático.

Já o Governo garante que a legislação "é flexível" e que haverá "uma margem" para a aplicação no terreno e para os empresários irem adotando as medidas.

França

O Governo está a preparar decretos que proíbem as lojas com ar condicionado de terem portas abertas, sob pena de lhes serem aplicadas multas, que podem chegar aos 750 euros.

Adicionalmente, os letreiros luminosos deverão ser desligados, entre a 01:00 e as 06:00, exceto em aeroportos e estações de transportes.

O ministro dos Transportes francês, Clément Beaune, pondera ainda limitar os voos de jatos privados e defende que a medida seja aplicada a nível europeu para que tenha mais impacto em termos ambientais e de poupança energética.

“Penso que precisamos de agir e regular os voos privados de jatos. Estão a tornar-se o símbolo de um esforço a duas velocidades", disse Beaune, numa declaração publicada a 21 de agosto pelo jornal ‘Le Parisien’.

O ministro explicou que pretende levantar esta questão após as férias de verão, quando o governo de Emmanuel Macron discutir o chamado “plano de sobriedade”, que visa implementar as poupanças de energia exigidas pela União Europeia para lidar com a crise causada pela guerra na Ucrânia.

Alemanha

O Governo alemão anunciou planos que visam a poupança de gás por parte dos consumidores, da indústria e do setor público, sendo que algumas das medidas devem entrar em vigor no primeiro dia de setembro.

Os edifícios públicos só deverão ser aquecidos a um máximo de 19 graus (anteriormente, a temperatura mínima recomendada era de 20 graus), exceto em clínicas, lares de idosos ou outras instituições sociais.

Entre as medidas previstas está também o desligar da iluminação de edifícios e monumentos por razões puramente estéticas ou representativas.

As instalações publicitárias iluminadas devem ser desligadas entre as 22:00 e as 06:00.

O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, mencionou ainda a possibilidade de desligar os sinais luminosos e salientou que são necessárias medidas de poupança também na esfera laboral, assunto para o qual está em contacto com o Ministério do Trabalho e os parceiros sociais.

Nas últimas semanas, vários municípios alemães lançaram várias ideias para economizar gás para o inverno, incluindo o corte de água quente em alguns prédios públicos e a limitação do aquecimento nas escolas a 20 graus Celsius nas salas de aulas e 15 graus Celsius nos espaços verdes.

Suíça

O Governo suíço e as companhias elétricas admitiram poder cortar a eletricidade até quatro horas por dia no inverno, devido à crise energética causada pela guerra na Ucrânia e a possível interrupção do fornecimento de gás russo.

A medida seria a mais drástica e a última a aplicar no plano de contingência apresentado pelo diretor da associação das companhias de eletricidade suíças VSE, Michael Frank.

Numa primeira fase, serão apenas promovidas medidas de poupança voluntárias através de uma campanha de sensibilização a iniciar em agosto, mas se a situação piorar, o plano avançará com a redução do consumo elétrico menos essencial, como a iluminação de lojas ou espaços públicos à noite.

Numa terceira fase, cerca de 30.000 empresas serão obrigadas a poupar até 30% do seu consumo de eletricidade e só em último recurso serão aplicados os cortes de energia.

A Suíça está também a negociar acordos de fornecimento de gás com as vizinhas Alemanha e Itália, enquanto trabalha com operadores energéticos para assegurar reservas para resistir ao inverno.

Itália

Os edifícios públicos, exceto hospitais, mantêm, desde maio, a temperatura do ar condicionado nos 19ºC no verão e, no inverno, não deverá ultrapassar os 27ºC.

Irlanda

A Autoridade de Energia Sustentável da Irlanda aconselhou as famílias a reduzir a temperatura do ar condicionado para os 20ºC nas salas de estar e para entre 15ºC a 18ºC nos corredores e quartos.

As autoridades apelaram ainda para que limite a velocidade de condução aos 100 quilómetros por hora, nas autoestradas, para reduzir o consumo de combustível.

Bélgica

A iluminação das autoestradas belgas foi reduzida e o IVA de equipamentos como painéis solares ou bombas de calor baixou de 21% para 6%.

Grécia

As medidas do Governo grego incluem um programa de 640 milhões de euros para substituição de janelas por outras mais eficientes e para sistemas de aquecimento e refrigeração em edifícios.

É também recomendado um limite de arrefecimento dos edifícios nos 27ºC, no verão.