Esta é a primeira vez que a Oxfam se pronuncia sobre as acusações contra Roland Van Hauwermeiren. Segundo denúncias feitas por outras ONG's e meios de comunicação britânicos, o belga e outros dois membros da sua administração terão contratado os serviços de prostitutas durante a sua missão no Haiti, pouco depois do devastador sismo que abalou o país caribenho em 2010 e que deixou cerca de 1,5 milhões de pessoas sem casa.

O documento, que a Oxfam publicou esta segunda-feira — ainda que uma versão parcialmente censurada —, destaca que três dos seus funcionários ameaçaram fisicamente uma testemunha da investigação aberta para escrutinar os factos denunciados, avança a Reuters.

"O incidente fez com que três suspeitos ameaçassem e intimidassem fisicamente uma das testemunhas mencionadas no relatório", esclarece o documento. As três pessoas foram demitidas por "assédio e intimidação de funcionários" da organização e pelo uso de computadores da Oxfam para ter acesso a "conteúdos pornográficos e ilegais", pode ler-se.

Na semana passada, contudo, Van Hauwermeiren tinha negado ter organizado orgias com jovens prostitutas, afirmando: "Nunca entrei num bordel no Haiti". Através de uma carta publicada pela imprensa belga, admitiu apenas que teve relações sexuais com uma "mulher respeitável e madura", sem entregar dinheiro. Porém, neste relatório interno de 2011, o belga reconheceu que teve relações com prostitutas na sua residência no Haiti, financiada pela ONG.

A Oxfam optou na época por oferecer ao seu diretor no Haiti uma "saída digna, desde que cooperasse plenamente com a restante investigação". O relatório concluiu que "nenhuma das acusações iniciais de fraude, nepotismo ou contratação de prostitutas menores de idade conseguiram ser demonstradas pela investigação, mas que não era possível descartar que, pelo menos, uma das prostitutas era menor de idade".

A ONG britânica está no centro de um escândalo após a descoberta de graves infrações e abusos sexuais cometidos por certos funcionários em países como Haiti, Chade, Sudão do Sul ou Libéria. A organização conta com 5.000 empregados e uma rede de 23.000 voluntários.

Na semana passada, a Médicos sem Fronteiras (MSF), outra ONG internacional, identificou 24 casos de assédio e abuso sexual em 2017 no seio da Oxfam. Das 146 queixas ou alertas recebidos pela direção, “40 casos foram identificados como casos de abuso ou assédio após uma investigação interna”, indicou a MSF em comunicado.

“Destes 40 casos, 24 foram casos de assédio e de abuso sexual”, referiu a organização internacional, que integra 40 mil funcionários permanentes em todo o mundo, precisando que 19 pessoas foram despedidas.

“Nos outros casos, os funcionários foram sancionados com medidas disciplinares ou suspensões”, explicou a mesma nota informativa.

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