
A terceira edição da maior cimeira de exploradores do mundo está de volta a Portugal este verão, numa organização da Expanding World (Portugal) com a chancela e curadoria da mais antiga e prestigiada agremiação de líderes da exploração do planeta, o The Explorers Club of New York. A novidade hoje anunciada é a inclusão de uma data extra em Lisboa, através da GLEX Ignition Session, a 2 de julho. Um momento totalmente dedicado à exploração espacial, em jeito de prelúdio para o programa geral, que este ano decorrerá integralmente nos Açores, entre os dias 4 e 7 de julho.
“Será como o ligar da chave de ignição desta terceira edição da GLEX Summit, numa ação conjunta com a Agência Espacial Portuguesa e em colaboração com a International Space University”, revela Manuel Vaz, fundador da Expanding World e responsável pela organização da cimeira, considerada uma espécie de Davos da exploração mundial.
A GLEX Ignition Session decorrerá na Gare Marítima de Alcântara, um dia após o final da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que Portugal acolherá, pela primeira vez, de 27 de junho a 1 de julho.
“Serão dois eventos incríveis, em duas semanas consecutivas, que destacarão Portugal enquanto país ligado ao empreendedorismo e à inovação científica, mas também à proteção do planeta e à exploração espacial”, destaca, por sua vez, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, entidade que é uma vez mais parceira da GLEX Summit.
Dos oceanos terrestres para os oceanos cósmicos, este primeiro dia da GLEX Summit 20220 será sobre o futuro da exploração espacial, tanto ao nível da ciência como da economia espacial – cuja indústria está hoje avaliada em mais de 350 mil milhões de dólares –, reunindo um conjunto de especialistas de todo o mundo, com destaque para James B. Garvin, cientista-chefe da NASA e atual líder da missão DAVINCI+, que tem como rumo o planeta Vénus.
Embora fechado ao público, “por se tratar de um fórum muito específico”, como explica Manuel Vaz, este primeiro dia da GLEX Summit 2022 será transmitido, em live streaming, para todo o mundo.
Açores acolhe este ano o programa principal
Entre os dias 4 a 7 de julho, o Teatro o Micaelense, em Ponta Delgada, nos Açores, acolherá o programa principal desta edição. Serão quatro dias dedicados a tudo o que se passa além dos limites da terra, dos oceanos e do espaço, onde a elite mundial de exploradores, cientistas e investigadores, das mais variadas áreas do conhecimento, partilhará com o público as descobertas mais recentes, as tecnologias mais inovadoras e as novas e futuras missões que prometem revolucionar o futuro da humanidade.
“É um privilégio para todos podermos voltar a acolher esta grande cimeira em Portugal, com os Açores a terem este ano um papel ainda mais relevante e pleno na sua organização. É um evento muito importante para o setor do turismo e que nos alerta para temas fundamentais, como a sustentabilidade e o futuro do nosso planeta”, destaca, por sua vez, Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo.
Já Richard Garriot, primeiro astronauta privado do mundo e atual presidente do The Explorers Club, não esconde o seu entusiasmo por regressar a Portugal e, especialmente, aos Açores, “o local mais bonito que alguma visitei à superfície da Terra. Será fantástico voltar e poder revelar tudo o que se está a passar de novo no mundo da exploração, pela voz das mentes mais brilhantes do planeta.”
Celebrando uma mudança de época na exploração, “What’s Next?” será o lema desta terceira edição da GLEX Summit Portugal e o mote inspirador dos 40 painéis de apresentação, divididos por quatro temáticas principais: Oceanos; Exploração Espacial; Conservação da Natureza e Alterações Climáticas; e as Grandes Expedições do nosso tempo.
O programa completo da GLEX Summit Portugal 2022, incluindo a lista final de oradores, será revelado no próximo dia 10 de junho, por ocasião da World Oceans Week, que o The Explorers Club organiza, anualmente, na sua sede em Nova Iorque. Os bilhetes para a GLEX Summit Portugal estão já disponíveis no website oficial do evento.
Os oradores já confirmados
Entre astronautas e aquanautas, exploradores polares e cientistas espaciais, vulcanólogos e egiptólogos, biólogos marinhos e astrónomos, astrofísicos e oceanógrafos, cineastas e fotógrafos premiados, a GLEX Summit Portugal 2022 apresentará uma seleção única de oradores:
Eriona Hysolli (Albânia). É diretora de ciências biológicas na Colossal, onde supervisiona o grande projeto “Wolly Mammoth Revivals”, que pretende ressuscitar o extinto mamute-lanoso, devolvendo-o ao ecossistema que abandonou há cerca de 4.000 anos. Através do material genético retirado de fósseis, o plano é a criação de uma espécie híbrida, visualmente idêntica ao seu antepassado.
Ben Lamm (Estados Unidos). Juntamente com George Church, um dos maiores investigadores do mundo da área da genética, Ben Lamm é o empresário cofundador da Colossal, uma Startup que se dedica ao desenvolvimento de engenharia genética e tecnologia reprodutiva. O seu mais ambicioso projeto é trazer de volta à vida o mamute lanoso, um grande mamífero herbívoro que habitou as regiões mais a norte do planeta, até ser extinto há milhares de anos. Tal como o Parque Jurássico, que imaginou um futuro onde era possível trazer os dinossauros de volta à vida, os cientistas da Colossal procuraram recriar um animal que viveu durante a Idade do Gelo. O objetivo final da companhia é povoar uma área da Sibéria com os mamutes-lanosos, garantindo o reequilíbrio ambiental deste ecossistema e ajudando a reverter os efeitos das mudanças climáticas.
Dr. Sian Proctor (Guam). Nascida no Guam, Sian Proctor é a primeira mulher negra a pilotar uma nave espacial e a primeira astronauta comercial negra. Antiga professora de geologia, geocientista e artista espacial, foi a piloto do Inspiration4 da SpaceX, o primeiro voo espacial totalmente civil do mundo. Através da sua arte espacial, incentiva conversas sobre mulheres negras na indústria espacial e alerta para questões como o desperdício alimentar e as mudanças climáticas.
Onkuri Majumdar (Índia). Conservacionista indiana, dedica a sua vida a evitar o tráfico animal que está a dizimar inúmeras espécies no Sudeste Asiático, treinando e dando suporte a governos, polícias e organizações do setor privado. Atualmente está a trabalhar numa app para identificação de animais selvagens, com informação de mais de 600 espécies traficadas.
Dr. Nathalie Cabrol (França). Astrobióloga franco-americana, especializada em ciência planetária, Nathalie Cabrol é diretora e investigadora principal no Instituto SETI (sigla para Search for Extraterrestrial Intelligence), liderando o projeto “High Lakes”, financiado pelo Instituto de Astrobiologia da NASA. O seu trabalho consiste em estudar as formas de vida microscópicas que existem em alguns dos lagos mais altos do mundo (como os do Planalto Andino, entre a fronteira da Bolívia e do Chile), com o intuito de perceber como poderia ser a vida em Marte há aproximadamente 3.500 milhões de anos. Agraciada com vários prémios internacionais, detém ainda o recorde mundial feminino de mergulho em altitude (mergulho e mergulho livre).
Borge Ousland (Noruega). Explorador polar norueguês que fez a primeira viagem, a solo e sem apoio, ao Pólo Norte desde o Cabo Ártico, na Rússia. Foi também a primeira pessoa no mundo a atravessar a Antártida a solo e sem apoio, detendo ainda o recorde de viagem mais rápida sem suporte para o Pólo Sul, em apenas 34 dias. Em setembro de 2010, a bordo do veleiro The Northern Passage, a equipe de Borge Ousland completou a circum-navegação do Pólo Norte, sem auxílio de um quebra-gelo. Esta viagem – que só foi possível devido aos níveis dramáticos de degelo – inspirou o seu projeto atual: o Ice Legacy Project. Com uma lista das 20 maiores calotas de gelo do planeta, o explorador começou a documentar os efeitos do aquecimento global nos glaciares para mostrar ao mundo os efeitos do declínio glaciar.
Joshua Powell (Reino Unido). Biólogo de conservação, explorador da National Geographic e líder da expedição Rangers Without Borders, um estudo de pesquisa multidisciplinar que avalia os meios de subsistência dos guardas- florestais, a ameaça e a capacidade de combate à caça furtiva e as oportunidades de cooperação transfronteiriça em toda a região central da Ásia e Europa Oriental. A sua pesquisa foca-se em descobrir como a sociedade interage com a natureza e como essa interação pode ser utilizada para ajudar a conservar a biodiversidade. Investiga também os desafios e oportunidades para a conservação do tigre de Amur, do leopardo de Amur e outros carnívoros ameaçados no nordeste da Ásia.
John Mack (Estados Unidos da América). Artista visual e autor, John Mack exibe poesia sobre a natureza como um contraponto a um mundo que está a tornar-se cada vez mais dependente de dispositivos digitais e que é alimentado todos os dias por algoritmos. Em 2021, fundou a “Life Calling Initiative” como parte da sua exploração entre a realidade e a virtualidade. A organização, sem fins lucrativos, explora a ligação entre a tecnologia inteligente e o comportamento humano, com o intuito de preservar a humanidade perante a era digital invasora.
Emanuel Gonçalves (Portugal). Cientista-chefe português, membro da direção da Fundação Oceano Azul e investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente em Portugal. Atua na conservação marinha e na criação, monitorização e implementação de áreas marinhas protegidas. Foi vice-chefe do Grupo de Trabalho para Assuntos Marítimos que desenvolveu a Estratégia Nacional do Oceano Português.
James Garvin (Estados Unidos da América). Antigo diretor do departamento científico da NASA, James Garvin foi o primeiro cientista-chefe para a Exploração de Marte, liderando a estratégia científica que levou ao Mars Exploration Rover. Desde 2021, é o investigador principal da missão DAVINCI+ a Vénus, a primeira a regressar à sua atmosfera e superfície desde 1985.
Rosaly Lopes (Brasil). Astrónoma, geóloga planetária e vulcanóloga, Rosaly Lopes é cientista-chefe no Departamento de Ciências Planetárias do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. Durante as suas pesquisas já identificou 71 vulcões ativos na Lua. A sua principal pesquisa atual é sobre a possibilidade de já ter existido vida na lua de Saturno, Titã, a segunda maior do Sistema Solar. Já teve o seu nome atribuído a um asteroide e a uma base de lançamentos de foguetes experimentais.
Nicole Stott (Estados Unidos da América). Nascida em Nova Iorque e formada em engenharia aeronáutica, Nicole Stott é uma veterana astronauta da NASA, que passou mais de 100 dias no espaço, realizou uma caminhada espacial, participou na primeira troca de mensagens ao vivo do Twitter no espaço e esteve a bordo da última missão do vaivém Discovery. Apaixonada pelas artes plásticas, pintou a primeira aquarela no espaço, fundando depois a Space for Art Foundation, com o objetivo de partilhar as suas aventuras espaciais através da pintura.
Austin Gallagher (Estados Unidos da América). Conhecido como o “rei dos tubarões-tigre”, Austin Gallagher é um premiado biólogo marinho, apresentador de vida selvagem, empreendedor social e explorador da National Geographic. É ainda fundador e CEO da Beneath the Waves, enquanto inspira a proteção de mais de 1 milhão de quilómetros quadrados de oceano e oito espécies de tubarões. Numa das suas pesquisas nas Bahamas, descobriu o maior prado de ervas marinhas do mundo.
Beverly e Dereck Joubert (África do Sul). Há mais de três décadas que este casal de cineastas sul-africano celebra a natureza e a vida selvagem em documentários, livros, fotografias e revistas científicas, alertando para o perigo de extinção dos grandes felinos e ajudando a proteger os habitats selvagens em África. O seu trabalho visual inclui mais de 35 filmes que já conquistaram oito Emmys em 23 nomeações. A par da "Big Cats Initiative", o casal Joubert lidera ainda, a partir do Botswana, onde vive, o projeto “Rhinos Without Borders”, que tem como objetivo salvar rinocerontes da caça furtiva na África do Sul.
Glen Gowers e Oliver Vince (Reino Unido). Cofundadores da Basecamp Research, uma empresa de dados biológicos sediada em Londres, que está a revolucionar a descoberta de proteínas em ambientes naturais diversos, Glen Gowers e Oliver Vince vão estar em Portugal para explicar como a sua equipa de cientistas, biólogos e exploradores está a construir a maior e mais diversificada base de dados de proteínas e genomas de todo o mundo.
A próxima geração de exploradores
Dedicada a tudo o que se passa além dos limites da Terra, dos Oceanos e do Espaço, a GLEX Summit tem o objetivo de inspirar, discutir, partilhar experiências, resolver problemas que serão realidade num futuro próximo e, acima de tudo, melhorar a vida no planeta.
Honrando a coragem de Fernão de Magalhães, este encontro pretende inspirar a próxima geração de exploradores através da partilha de inovações e tecnologia de ponta, dos Oceanos ao nosso sistema solar, passando pela conservação da natureza, a sustentabilidade do planeta ou as alterações climáticas, impulsionando o mundo em direção à próxima fronteira no futuro da exploração.
Esta cimeira anual agrega a rede das 60 filiais do Explorers Club of New York, assim como as cúpulas das sociedades de exploração e instituições de relevo mundial, como a NASA, a ESA, o MIT ou as Nações Unidas.
A edição de estreia da GLEX Summit decorreu em Lisboa, entre os dias 3 a 5 de julho de 2019, sob o mote das comemorações dos 50 anos da chegada do Homem à Lua e do 500o aniversário da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães (2019-2022).
No final desta primeira edição, foi apresentada e assinada pelos participantes do encontro a “Declaração de Lisboa”, um documento orientador para o futuro da exploração científica e da preservação ambiental, focado na sustentabilidade do planeta e na proteção das espécies animais e dos recursos naturais.
A GLEX Summit é uma organização da Expanding World (Portugal) com a chancela e curadoria do The Explorers Club de Nova Iorque e os apoios do Governo dos Açores, Turismo de Portugal, Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space e Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação e o patrocínio da LEXUS.
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