Pelo menos 48 pessoas ficaram feridas esta noite no centro da capital britânica e outras seis morreram na sequência de um ataque já assumido como terrorista. O local escolhido foi mais uma vez uma zona no coração da capital britânica, o percurso entre a London Bridge e o Borough Market, na marge sul do Tamisa. Uma carrinha atropelou várias pessoas que atravessavam a ponte, avançando sobre elas, e continuou depois em direção ao Borough Market onde os seus três ocupantes abandonaram o veículo e esfaquearam pessoas à sua passagem. Os três atacantes foram abatidos pela polícia quando já se encontravam no Borough Market.
O que incialmente foi tratado como um incidente acabou por ser declarado, cerca de duas horas mais tarde, pela meia noite e meia, um ataque terrorista. Desta vez não se tratou de um ato isolado. Pouco depois do atropelamento na London Bridge, um segundo ataque teve lugar no Borough Market, um dos típicos mercados da capital britânica na margem sul do Tamisa. Segundo testemunhas oculares citadas pela imprensa britânica, três homens entraram a correr dentro do mercado esfaqueando várias pessoas até serem abatidos.
Um terceiro incidente com esfaqueamento em Vauxhall, uma zona de bares e discotecas, chegou a ser referido como tendo também origem terrorista, mas, pouco depois da meia-noite, o comunicado da polícia londrina esclarecia não estar relacionado com os outros dois então confirmados como ataques terroristas.
Os testemunhos sucedem-se numa noite de nervos em Londres e uma das testemunhas ouvida pelo jornal britânico The Telegraph descrevia mesmo o que sentia como sendo “Westminster all over again” [referindo-se ao atentado de 22 de março em Westminster, cujas características, atropelamento e esfaqueamento, foram idênticas].
A London Bridge foi encerrada e no local e imediações registou-se uma forte presença das forças de segurança ao longo da madrugada.
Sublinhando que a informação ainda está a ser reunida, é isto que sabe dos ataques da noite de ontem:
- As primeiras informações segundo as quais um veículo tinha atropelado peões na London Bridge chegaram à polícia às 22:08h.
- O veículo em causa continuou em andamento da London Bridge em direção ao Borough Market.
- "Os suspeitos saíram então do veículo e um conjunto de pessoas foram esfaqueadas", incluindo um polícia dos transportes que estava de serviço e que tinha acorrido para dar resposta ao incidente na London Bridge. Esse polícia sofreu ferimentos sérios mas que não põem em causa a sua vida e a família já está a par de tudo o que se passou.
- Polícias armados responderam "muito rapidamente e com bravura", enfrentando os três homens suspeitos que acabaram por ser abatidos no Borough Market. "Os suspeitos foram apanhados e abatidos em oito minutos contados a partir da primeira chamada. Os suspeitos pareciam ter coletes com explosivos mas a polícia percebeu depois que eram falsos".
- Seis pessoas morreram, pelo menos 48 foram transportadas para o hospital, segundo balanço mais recente.
"Run, hide, tell" foram as indicações da polícia
Tudo começou por volta das 22h. O incidente foi confirmado pela polícia metropolitana de Londres no Twitter. Numa segunda entrada naquela rede social as autoridades informaram de seguida que área se encontrava vedada e pediam às pessoas para evitar a zona.
A circulação na ponte foi cortada nos dois sentidos, o terminal ferroviário de London Bridge foi evacuado e encerrado, assim como três estações de metro próximas do local. Uma testemunha ocular, Samantha Wilde citada pela BBC, disse ter visto entrre 30 a 40 ambulâncias no local.
Poucos minutos depois, a polícia confirmou também ter respondido a uma chamada de emergência em Borough Market, um mercado de rua muito visitado pelos turistas, onde foi também referida uma troca de tiros confirmada pela polícia no ponto de situação realizado às primeiras horas da madrugada.
Numa nova atualização, confirmou um terceiro incidente na área de Vauxhall.
Na primeira hora, a polícia referiu-se aos acontecimentos como "incidentes sérios", não confirmando feridos ou vítimas, prometendo esclarecimentos assim que possível. No entanto, pediu desde logo às pessoas que estavam na zona de Vauxhall, London Bridge e Borough Market para correr e se esconderem e para ligarem às autoridades assim que estivessem em segurança e tivessem essa possibilidade. De acordo com a BBC, a polícia está à procura de três homens suspeitos.
Theresa May: um "potencial ato de terrorismo"
A primeira-ministra britânica, que se encontrava em campanha, regressou ao número 10 de Downing Street durante a noite, onde foi colocada a par dos acontecimentos da noite, tendo anunciado a convocatória de uma reunião de emergência com a comissão COBRA, que inclui representantes de forças da polícia e de outras autoridades.
De acordo com a BBC, a Primeira-ministra britânica, Theresa May, classificou de "terrível" o incidente ocorrido em Londres e confirmou que o mesmo está a ser tratado como um "potencial ato de terrorismo".
Também Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, veio a publico revelar que Donald Trump está a ser informado dos incidentes da noite, tendo posteriormente o próprio presidente americano se pronunciado sobre os acontecimentos em Londres.
"Temos de ser inteligentes, vigilantes e duros. Precisamos que os tribunais nos devolvam os nossos direitos", refere Trump na sua conta pessoal de Twitter, numa mensagem publicada depois dos ataques em Londres. O presidente americano acrescentou ainda um segundo tweet em que afirma a sua solidariedade com Londres e com o Reino Unido.
Também o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse, na mesma rede, que está a seguir “com horror” as notícias dos incidentes na capital britânica.
“Pensamentos e orações estão com as vítimas e as suas famílias. Por favor, mantenham-se seguros”, afirma Juncker.
Uma noite longa com muito ainda por saber
Londres preparou-se para uma noite longa. Pouco depois da 1h30 da madrugada ouviram-se explosões perto da London Bridge, mas, segundo relatou a imprensa inglesa tratou-se de explosões controladas e monitorizadas pelas forças de segurança. Eis o relato de um editor do The Sun, James Cox.
O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, descreveu hoje os atos terroristas de sábado à noite em London Bridge e Borough Market como "um ataque deliberado e cobarde" contra "londrinos inocentes".
Num depoimento partilhado nas redes sociais, Sadiq Khan apelou a turistas e londrinos para que mantenham a calma e evitem os locais dos atentados, referiu que está em permanente contacto com a Polícia Metropolitana de Londres e que estará presente hoje na reunião do comité Cobra, o gabinete de crise do Governo britânico.
"Não temos ainda todos os detalhes, mas este foi um ataque deliberado e cobarde contra londrinos inocentes e os que visitavam a nossa cidade, aproveitando à noite de sábado. Condeno firmemente. Não há justificação para atos bárbaros como estes", escreveu Sadiq Khan.
À 1h19 da madrugada, a Polícia Metropolitana publicou na sua conta no Twitter um resumo da informação até ao momento.“Divulgaremos informações quando pudermos. A nossa informação ter de ser precisa”, lê-se na publicação.
Pouco depois das 3 horas da madrugada, a polícia divulgou um número de contacto no que respeita às vítimas dos ataques, número que recomendou a todos os que possam estar preocupados com familiares ou amigos.
Não há informação de que existam portugueses entre as vítimas
O Governo português está a acompanhar os incidentes ocorridos no sábado à noite em Londres, mas desconhece ainda se há portugueses entre as vítimas, disse à Lusa fonte da secretaria de Estado das Comunidades.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, "está a acompanhar [os incidentes] através do Gabinete de Emergência Consular", disse à Lusa fonte do Governo.
Por seu lado, numa mensagem divulgada na página da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa enviou "votos solidários" à rainha Isabel II e ao povo britânico, desejou ainda "uma rápida de recuperação às vítimas" destes atentados e apresentou sentimentos às suas famílias.
Este incidente deixa o Reino Unido novamente em alerta, depois de a 22 de maio, na cidade de Manchester, um britânico de origem líbia de 22 anos, se ter feito explodir à saída de um concerto da artista norte-americana Ariana Grande, matando 22 pessoas e ferindo 75 outras, muitas das quais crianças e jovens.
O atentado, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, foi o mais mortífero no Reino Unido desde os ataques aos transportes de Londres em 2005, que causaram 52 mortos.
Também em 2017, a 22 de março, um homem numa viatura varreu dezenas de pessoas na ponte de Westminster, esfaqueado posteriormente um agente policial que estava de serviço nas imediações do Parlamento. Cinco pessoas morreram na sequência do ataque.
(Notícia atualizada às 08h20 de domingo, 4 de junho: novo balanço de feridos)
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