A reivindicação foi feita através da Amaq, agência noticiosa utilizada pela organização terrorista para emitir comunicados, dizendo que os ataques foram obra "de guerreiros do Estado Islâmico". Esta comunicação do autoproclamado Estado Islâmico reclama a autoria dos ataques, sem dar provas, contudo, da sua ligação aos mesmos.

O mais recente balanço dos atentados de domingo dá conta de 321 mortos e mais de 500 feridos, resultantes dos ataques levados a cabo por, pelo menos, sete bombistas suicidas no Sri Lanka em três igrejas cristãs e quatro hotéis.

A investigação aos ataques tem levado as autoridades a centrar as suas atenções ao National Thowheeth Jama'ath, um grupo extremista islâmico local, admitindo também que este terá sido apoiado internacionalmente. Porém, não só a ligação a este grupo ainda não foi confirmada, como esta organização não reivindicou os ataques.

O porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekara, deu conta da detenção de 40 pessoas no decurso da investigação aos ataques, tendo a agência Reuters confirmado junto de fontes militares e políticas que a maioria dos suspeitos detidos são cingaleses, mas que a investigação levou também à detenção de um sírio.

O país encontra-se presentemente em estado de emergência, tendo as forças de segurança mais poderes para proceder a detenções, não situação que apenas encontra paralelo durante o final da guerra civil que deflagrou no país em 2009.

O anúncio surge depois do ministro da Defesa do Sri Lanka, Ruwan Wijewardene, ter sugerido hoje perante o parlamento cingalês que os atentados foram cometidos em retaliação aos tiroteios levados a cabo por um supremacista branco nas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, a 15 de março, e que deixaram 50 mortos.

A informação que Wijewardene comunicou ao parlamento do Sri Lanka surge depois de, segundo o The Guardian, uma nota de alerta ter circulado junto do governo cingalês semanas antes do ataque. Esta apontava para a atividade nas redes sociais de um dos suspeitos de se ter feito explodir no domingo, tendo começado a colocar "conteúdo extremista" no seu perfil depois dos tiroteios que vitimaram 50 pessoas e feriram outras 50 em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia.

No entanto, começaram também a surgir relatos na imprensa de que os serviços secretos e as forças de segurança do país já tinham sido sinalizados para a possibilidade de ocorrer um atentado mas que falharam na prevenção. De acordo com Wijewardene, houve "fraqueza" no aparelho de segurança do Sri Lanka, tendo o ministro da Defesa admitido "que está estabelecido que as unidades de inteligência estavam cientes do ataque e que um grupo de responsáveis estava informado quanto à sua possibilidade".

Segundo a Associated Press, a 11 de abril, Priyalal Disanayaka, inspetor-geral da polícia do Sri Lanka, tinha enviado uma missiva aos diretores de quatro agências de segurança do país a alertar para um grupo extremista local que estava a preparar um atentado suicida. A carta identificava o grupo enquanto o National Thowheeth Jama'ath, apontando o seu líder enquanto Zahran Hashmi e dizendo que a organização estava a planear visar "algumas igrejas importantes" num ataque terrorista suicida.

Este imobilismo das forças de segurança perante o ataque deve-se, segundo vários relatos, a um clima de divisão nas mais altas instâncias de poder do Sri Lanka, resultante de uma crise constitucional que decorreu no final do ano passado, quando o presidente Maithripala Sirisena demitiu o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe, apenas para ver a decisão revertida pelo Supremo Tribunal do país.

Wickremesinghe voltou a ser integrado no poder, mas o primeiro-ministro e os seus aliados deixaram de ser convidados para reuniões com os responsáveis de segurança do país, sendo que nem o seu gabinete nem o seu executivo terão recebido a missiva que apontava para a possibilidade dos atentados.

Os atentados ocorreram durante o domingo de Páscoa, tendo a capital do país, Colombo, sido alvo de pelo menos cinco explosões: em quatro hotéis de luxo e uma igreja. Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra no leste do país. A oitava e última explosão teve lugar num complexo de vivendas na zona de Dermatagoda.

As primeiras seis explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 08:45 de domingo (03:15 em Portugal), de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais.